São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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CPI dá sinais de esgotamento a um mês e meio de seu fim

DANIEL BRAMATTI; ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Faltando um mês e meio para o término da CPI dos Precatórios, as investigações começam a dar sinais de esgotamento.
Convencidos de que será difícil revelar fatos novos, os senadores passam a afirmar que a comissão já cumpriu seus objetivos principais.
"A CPI chegou a 99% do que pretendia. O principal objetivo era revelar as irregularidades na emissão e comercialização dos títulos. Isso já foi feito", afirmou o senador Esperidião Amin (PPB-SC).
Segundo Amin, um balanço sobre a CPI precisa diferenciar objetivos da comissão e expectativas geradas por ela.
"A investigação foi além do que se esperava e abriu o cenário do mercado financeiro, gerando grandes expectativas. Entramos em uma lavanderia de dimensões impressionantes", afirmou.
O vice-presidente da CPI, senador Geraldo Melo (PSDB-RN), também se mostra preocupado com as falsas esperanças geradas.
"Abriu-se essa CPI de tal jeito que, de repente, já se falava que era a do sistema bancário. Se tivéssemos focalizado mais em determinados assuntos, a chance de não dar em nada seria muito menor", disse Mello.
Para o senador, apesar dos méritos da CPI ao "desnudar" as irregularidades, a opinião pública pode ficar com a impressão de que não se conseguiu acabar com a impunidade.
"O Requião (Roberto Requião, relator da comissão) diz que não vai atrás dos 'bagrinhos'. Acho inconcebível que o rastreamento não pegue todos os beneficiários finais."
Cheques
A possibilidade de enquadrar todos os envolvidos é descartada pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), um dos encarregados de rastrear cheques do esquema.
"Eu quero rastrear uma parte. Por exemplo, pegar os 54 cheques do Fausto Solano Pereira e rastrear cinco. É impossível pegar todos", disse Tuma.
A estratégia de Tuma é investir na amostragem. "Se a gente pegar cinco cheques, chega ao destino final destes cinco e consolida as provas."
Segundo Tuma, um dos obstáculos que impede o avanço das investigações é a falta de estrutura da CPI. "Falta assessoria. Há poucos funcionários para trabalhar com os cheques", afirmou.
Ele também reclama da falta de coordenação entre os envolvidos nas apurações. "Eu queria que a Receita Federal, a Polícia Federal e o Banco Central viessem trabalhar juntos dentro da CPI, mas há senadores que resistem. Estive no BC e vi que há muitas investigações paralelas, que poderiam enviar para a CPI, mas não mandam", afirmou ele.
Na avaliação dos senadores, a única via das investigações que ainda pode revelar fatos novos é a que envolve os secretários de Fazenda e governadores.

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