São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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Foo Fighters foge do fantasma do Nirvana

IVAN MIZIARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ainda bem que existem bandas como o Foo Fighters. Pelo menos a morte do rock, pela enésima vez, fica adiada por mais algum tempo. O grupo comandado por Dave Grohl, ex-batera do Nirvana, está lançando seu segundo álbum -"Colour & Shape"- e dá mais um sopro de vida a um gênero que muitos críticos teimam considerar em estado terminal.
O Folhateen conversou por telefone com o baixista Nate Mendel, em Los Angeles, sobre o novo disco, que tem data prevista de lançamento para 12 de maio.
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Folha - Quais as diferenças entre o novo álbum e o disco de estréia?
Nate Mendel - A primeira é que atualmente nós somos um grupo de verdade. Todo mundo participou tanto das composições quanto das gravações e no primeiro disco isso não aconteceu. No meu caso, a linha do baixo é até mais melódica. Depois, "Colour & Shape" é mais leve e abrangente que o anterior. Também é um trabalho mais limpo, devido à produção de Gil Norton. Não é tão Nirvana.
Folha - Vocês não acham que ocupam o posto do Nirvana?
Mendel - Não dá para fugir muito disso. Para os fãs, é uma espécie de legado. Mas nós não queremos ser "o novo Nirvana". Queremos seguir nosso caminho.
Folha - Mas o som das duas bandas às vezes não é muito parecido?
Mendel - No primeiro disco, que é todo do Dave, o som era mesmo parecido, é uma coisa até natural. Mesmo agora, canções como "Enough Space" são parecidas, mas a idéia é fazer coisas diferentes. Neste álbum tem até baladas, como "February Stars" e "Walking After You", que são muito bonitas. Espero que os fãs gostem. É um trabalho honesto.
Folha - Qual o primeiro single a ser lançado?
Mendel - "Monkey Wrench". Algumas rádios por aqui já estão tocando direto. É uma ao estilo antigo e sai no dia 28.
Folha - Em certos momentos, a sonoridade de "Colour..." lembra Replacements e Hüsker Dü. Quais suas principais influências?
Mendel - Eu cresci ouvindo as bandas punks e de hardcore. O Sunny Day Real Estate, em que eu tocava, era totalmente de garagem. Você tem razão, algumas coisas lembram Replacements e Hüsker e eu acho legal.
Folha - O que você acha dessas bandas neopunk, como Green Day e Offspring?
Mendel - Eu gosto. Eles são divertidos e populares. Fazem o que eu fazia com 15 anos. Mas para mim, a melhor banda da atualidade chama-se Buylt To Spill. Eles são o máximo.
Folha - Existem rumores de que o Soundgarden acabou. Como fica o chamado "som de Seattle" sem seus principais representantes?
Mendel - Esses rumores também estão muito fortes por aqui, eu não sei bem o que aconteceu. Só que Seattle é uma cidade com inúmeras bandas de qualidade, fazendo estilos musicais diferentes. Não é porque um ou outro grupo se desfaz que isso deixará de existir. "Som de Seattle" e "grunge" são só rótulos criados pela mídia, não significam nada.
Folha - É verdade que o baterista William Goldsmith deixou o Foo Fighters?
Mendel - Sim, ele resolveu sair por motivos particulares. No seu lugar entrou Taylor Yawkins.
Folha - Quando começa a turnê?
Mendel - Agora em maio, na Inglaterra.
Folha - Vocês pretendem vir ao Brasil?
Mendel - Não há nada confirmado, mas se der tudo certo estaremos aí no final do ano.

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