São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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Iggy Pop faz 50 anos com "disco novo"

RUBENS LEME DA COSTA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Promovendo o relançamento de "Raw Power". É dessa maneira que Iggy Pop promete celebrar seus 50 anos, hoje. O disco deve sair amanhã.
O "pai do punk", como é conhecido um dos mais importantes nomes do rock, nascido em Detroit, berço da indústria automobilística norte-americana, pretende comemorar com simplicidade.
Iggy mexeu em todas as bases do disco produzido por seu mais ilustre colaborador e ardoroso fã, David Bowie. Um dos motivos para tal mudança radical no disco foi a insatisfação com o resultado da produção de Bowie na época.
Iggy, na verdade James Newell Osterberg, fundou os Stooges no final da década de 60 e tinha como objetivo "cuspir no olho dos hippies", como disse, e provocar o público com suas letras e atitudes no palco.
O conjunto fez apenas dois discos com sua formação original -"The Stooges" (69) e "Fun House" (70). Em ambos, Iggy bufa, pede para ser tratado como cão e fala de sexo. Os lançamentos obviamente não fizeram sucesso comercial.
A volta
Após a dissolução da primeira formação da banda, Iggy retomou o grupo em 1973, após uma ajuda de Bowie, que o encontrou em uma clínica para desintoxicação.
Na época, amparado pelo sucesso de seu mais famoso personagem, Ziggy Stardust, Bowie pressionou a gravadora RCA para que contratasse tanto Pop quanto Lou Reed, ex-líder do grupo Velvet Underground.
Iggy passava então por dificuldades financeiras, e Bowie acabou produzindo "Raw Power".
Com clássicos como "Search and Destroy" (que virou recentemente tema de anúncio da Nike), "Gimme Danger" e "Penetration", Iggy sedimentou toda a base que os punks usariam alguns anos mais tarde.
O disco foi creditado a Iggy and the Stooges e tinha a presença na guitarra de James Williamson, que seria um dos colaboradores mais ativos que Iggy já teve.
Em 77, Iggy se muda com Bowie para Berlim. Enquanto Bowie, ao lado de Brian Eno, produz "Low" e "Heroes", Iggy começa sua carreira solo com dois discos: "The Idiot" e "Lust for Life".
Apesar dos elogios da crítica, os dois álbuns não fazem sucesso. Uma das maiores curiosidades do primeiro disco de Iggy é uma faixa chamada "China Girl", que seis anos depois se transformaria em um dos maiores sucessos da carreira de Bowie.
Sucesso
Em 86, Iggy consegue seu maior êxito comercial com o disco "Blah Blah Blah", impulsionado pelo sucesso de faixas pop como "Cry for Love" e "Real Wild Child". Iggy supera com um único disco toda a vendagem de sua longa carreira. O produtor? Novamente David Bowie.
Decepcionado com o resultado "frouxo" do disco, como ele próprio definiu, em 88 volta a fazer um rock mais básico, feroz, fiel ao seu estilo, com "Instinct", que rendeu uma turnê que passou inclusive pelo Brasil.
A segunda grande guinada comercial vem em 90, com a canção "Candy", em que ele divide vocais com Kate Pierson, dos B-52's, que entrou na última hora no lugar da convidada original -Chrissie Hynde, líder dos Pretenders.
Nos trabalhos posteriores, Iggy abandonou o pop e voltou às origens -época em que, segundo disse, só queria fazer uma "música alta, cristalina e que pusesse todo mundo para dançar".

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