São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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Procuradoria livra "Bibi" de acusação

Aliado político será acusado

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Procuradoria Geral de Israel anunciou ontem que, por falta de provas, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu não será acusado no caso de tráfico de influência, apesar de haver "reais suspeitas" sobre a participação dele e de seu ministro da Justiça.
O escândalo ameaçava derrubar o governo israelense. "A conclusão é que eu não cometi crime algum, e o procurador-geral confirmou isso", disse Netanyahu em cadeia de rádio e TV, imediatamente após o anúncio.
A promotora Edna Arbel, co-autora do relatório, disse que alguns de seus colegas queriam a acusação de "Bibi" (como o premiê é conhecido no país) e do ministro Tzachi Hanegbi.
Mas, segundo o texto de 75 páginas apresentado, apenas Aryeh Deri, líder do partido Shas e aliado político de Netanyahu, será acusado. O chefe de gabinete do premiê, Avigdor Lieberman, sofrerá novas investigações.
O premiê pediu desculpas pelo erro que disse ter cometido e afirmou que o episódio "ficou para trás". Segundo Netanyahu, os partidos que lhe dão sustentação vão permanecer fiéis ao governo.
"Há pessoas que não gostam de mim. Elas querem atingir minha legitimidade como primeiro-ministro. Mas os ataques contra mim são por apenas um motivo: uma tentativa de derrubar o governo por causa da discordância fundamental de nossos adversários com o nosso caminho", disse.
O escândalo A crise, conhecida como "Bibigate", começou em janeiro e foi motivada pela indicação de um novo procurador-geral.
O advogado David Bar-On, apontado para o cargo, renunciou logo após assumir. Ele era criticado por ser inexperiente e incapacitado para a função.
Uma rede de TV noticiou que o nome teria sido "encomendado" por Deri, que é investigado por corrupção. Em troca de uma indicação "amigável", o líder do Shas teria prometido apoio ao governo no Parlamento na questão da devolução parcial da cidade de Hebron aos palestinos.
Sobre Deri, o procurador-geral Eliakim Rubinstein disse: "Temos a intenção de acusá-lo, mas, antes, vamos interrogá-lo de novo".
Rubinstein afirmou que o premiê chegou a ser alertado sobre o problema de nomear Bar-On. Netanyahu disse não se lembrar do aviso, levantando a possibilidade de não ter dado a atenção que o assunto mereceria por causa de suas várias ocupações.
"As normas dos políticos são diferentes das gerais, e o que pode parecer um crime aos olhos do público não pode ser apresentado ao tribunal na ausência de provas irrefutáveis", disse Rubinstein.
"Bibi" reconheceu que o governo foi atingido pela crise e prometeu fazer uma "limpeza na casa". Ele também afirmou que vai retomar o processo de paz com os palestinos, interrompido por causa da construção de casas para judeus em Jerusalém oriental.

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