São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Diretores do Dieese descartam 'inchaço'

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O enxugamento com demissões está previsto nas decisões da direção nacional do Dieese, diz o diretor técnico, Sérgio Mendonça. Mas tudo vai depender da assembléia geral, no dia 6 de junho.
"Todas as instituições passam por crises. Se os sindicatos decidirem por cortes, precisamos ter um cuidado cirúrgico. Todo corte tem custo político e impacto futuro."
A direção executiva, conta Mendonça, vai chegar na assembléia com uma proposta sua.
"Estamos visitando 200 entidades até junho e ouvindo a todos para colher sugestões", diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, presidente do Dieese. Juruna é da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Para Mendonça e Juruna, o Dieese não está "inchado".
"Já fizemos em 90 o ajuste que os sindicatos estão fazendo agora. Reduzimos 20% de nosso efetivo, mas muitos sindicalistas não sabem disso", diz Mendonça.
Se os sindicatos optarem por um enxugamento no Dieese, alerta Mendonça, alguns serviços deixarão de ser feitos.
Filosofia do corte
Segundo Mendonça, "no mundo todo se fala em corte, 'downsizing', reengenharia. É natural que estejamos impregnados com esse tipo de filosofia."
Juruna diz que a crise no movimento sindical na realidade aumenta a demanda por serviços do Dieese. "Mas os sindicatos reclamam que não têm como pagar."
Com a crise de arrecadação no movimento sindical, o pagamento por serviço prestado e os convênios com o setor público tendem a ter participação maior na arrecadação do Dieese.
"Já estamos trabalhando nesse sentido. Acabamos de fechar convênio com a prefeitura do Goiânia para fazer a pesquisa de cesta básica. Negociamos com a do Rio para fazer a Pesquisa de Emprego e Desemprego", conta Juruna.
Com o Ministério de Ciência e Tecnologia e do Trabalho, foi feito convênio de capacitação de dirigentes e assessores sindicais na área de reestruturação produtiva.
"O Dieese presta cada vez mais serviços à sociedade como um todo. É natural que o setor público passe a contribuir mais com sua arrecadação", diz Juruna.
Desafio
Mas, o grande desafio, segundo Mendonça, é, "mesmo no mundo atual", manter a solidariedade entre as entidades sindicais. "Não podemos penalizar os sindicatos grandes, mas temos de continuar trabalhando pelos menores. Se formos cobrar valor fixo pelos serviços, isso vai prejudicar os menores."

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