São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Chirac antecipa as eleições na França

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O presidente da França, Jacques Chirac, anunciou ontem a dissolução da Assembléia Nacional e convocou eleições para os dias 25 de maio e 1º de junho.
O anúncio já era esperado desde o final da semana passada, quando se intensificaram as negociações entre as lideranças políticas visando antecipar as eleições legislativas, que deveriam ocorrer apenas em março de 98.
A Constituição francesa garante ao presidente da República o direito de dissolver a Assembléia Nacional, se ele julgar necessário.
A Assembléia Nacional francesa equivale à Câmara dos Deputados no Brasil.
A medida tem uma justificativa essencialmente política. Chirac pediu, durante pronunciamento de TV e rádio, a reafirmação do apoio da população a seu governo.
"É preciso dar a palavra ao nosso povo para que ele se pronuncie claramente sobre o ritmo e a amplitude das mudanças que vão ocorrer nos próximos cinco anos", disse Chirac.
Para tanto, o presidente disse precisar de uma "maioria reforçada" para que possa realizar profundas reformas no Estado. Atualmente, o governo já possui o apoio da maioria dos deputados.
Modernidade
Em cerca de dez minutos, Chirac delineou as linhas gerais do que vai marcar a "nova fase": a redução da dívida pública, a criação de empregos e a passagem para a moeda única européia.
"A passagem à moeda única é indispensável se quisermos nos afirmar como potência política e econômica", disse o presidente.
Chirac admitiu que os ajustes são difíceis, mas necessários para que a França se mantenha "no caminho da modernidade". Eles implicam corte dos gastos públicos, o que deve significar mais redução dos investimentos sociais.
Os indicadores econômicos e as previsões para 97 indicam uma conjuntura difícil para a França.
A taxa de desemprego deve se manter em torno dos atuais 12,8%. O déficit público deve chegar a 3,8% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país) este ano, superando os 3% exigidos no Tratado de Maastricht para a participação da primeira fase da união monetária européia, prevista para 1999.
Com a antecipação das eleições, o governo ganha tempo para se ajustar à agenda européia e evita que a eventual adoção de medidas impopulares coincida com a campanha eleitoral.
Repercussão
Para Lionel Jospin, primeiro-secretário do Partido Socialista (principal força de oposição a Chirac), a antecipação das eleições é um convite à mudança.
"É o momento fazer uma escolha política e social. Por que endossar o modelo liberal anglo-saxão, o capitalismo duro que propaga a desigualdade?", disse.
Já François Leotard, presidente da UDF (partido que apóia Chirac), afirmou que a antecipação das eleições vai dinamizar o país.

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