São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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Rebelados libertam carcereiro mantido refém em Praia Grande

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE

O carcereiro Valdir Rodrigues Nascimento foi libertado às 17h20 de ontem pelos presos rebelados na cadeia da Vila Mirim, o Cadeião de Praia Grande (litoral de SP).
Mantido como refém desde 11h de domingo, quando começou a rebelião dos 502 detentos da cadeia, o carcereiro foi levado para um hospital para receber cuidados médicos.
A libertação de Nascimento foi presenciada por dois fotógrafos -entre os quais Leonardo Colosso, da Folha-, três cinegrafistas e a repórter Kuka Herrador, da TV Mar (afiliada à rede Manchete).
A presença dos jornalistas foi uma exigência dos presos. O encontro começou às 16h45 e durou 40 minutos. O grupo e os presos ficaram separados por grades.
Em troca do refém, os detentos receberam comida -o que não acontecia desde domingo- e entregaram reivindicações.
Entre os pedidos, está o afastamento imediato da direção da cadeia, acusada pelos presos de prática de maus-tratos. Os presos estavam encapuzados.
Também foram pedidas a remoção de 150 presos, mudança do dia da visita (de quarta para sábado ou domingo), instalação de uma área para esportes e uma cobertura para receber visitas no pátio, assistência jurídica e médica.
Os amotinados pedem a presença de uma comissão de autoridades do Judiciário para apresentar as reivindicações.
O delegado Dal Mas, do GER (Grupo Especial de Resgate da Polícia Civil), que comanda as negociações, disse que a comissão será formada hoje.
A rebelião entra hoje em seu quarto dia. Segundo a polícia, as instalações internas dos quatro pavilhões estão destruídas.
Os presos continuam se revezando no alto de um dos pavilhões, sentados ou de pé sobre a armação de madeira do telhado, de onde arrancaram as telhas.
A cadeia, que dispõe de 512 vagas e abriga 502 presos, está cercada por policiais militares -20 durante o dia e 40 à noite. O objetivo do cerco é evitar uma eventual fuga, já que os presos entraram na sala do setor de manutenção e têm em seu poder pás, picaretas, furadeiras e bombas d'água.
"Não há motivo para rebelião. O quadro é totalmente diferente das outras cadeias, que, ao contrário desta, se encontram superlotadas", afirmou o delegado Osvaldo Gonçalves, do GER.

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