São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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Rio constrói sua 'off-Globo'

NELSON DE SÁ
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Nem tudo é Globo, afinal, no teatro carioca. Na presente temporada, alguma atenção e vão surgindo espetáculos de qualidade singular, concebidos por artistas independentes da influência da televisão -o que tantas vezes leva ao palco o realismo-chão (nas atuações) e os melodramas familiares (nos textos) das novelas.
São peças únicas como "Volúpia", encenação de Ana Kfouri com a Cia. Teatral do Movimento, "Na Solidão dos Campos de Algodão", do francês Bernard-Marie Koltès, "o único dramaturgo que interessa na nova geração" (no dizer questionável de Heiner Mueller), ou "O Melhor do Homem", da norte-americana Carlota Zimmerman, um "Angels in America" radicalizado.
Também "Melodrama", direção de Enrique Diaz, ou "Quartett", de Heiner Mueller, direção de Gerald Thomas, ou ainda "A Dama da Noite", baseado em conto de Caio Fernando Abreu.
Apresentam temas correntes, algo decadentistas, "fim de milênio", como a violência, o isolamento urbano, o sexo (em suas várias formas), certamente mais "realistas", quanto ao próprio Rio, do que a caricatura disseminada também pela televisão.
São produções menores, mas de repercussão, algumas com não pouco tempo em cartaz. Peças que antes influenciam do que são influenciadas pela teledramaturgia. Sem apoio maior no estrelato de TV, por mais que contem com um ou outro intérprete já visto na tela, formam a "off-Globo" carioca.

LEIA MAIS sobre a temporada teatral carioca à pág. 4-3

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