São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Para fazendeiro, ocupação foi ilegal

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PAU BRASIL

O agricultor e pecuarista Marcus Vinícius Gaspar Guimarães, 37, dono da fazenda Paraíso, em Pau Brasil (BA), disse ontem que a ocupação de sua fazenda pelos índios pataxós hã-hã-hães, ocorrida anteontem, "foi uma ilegalidade compactuada pela Funai e governo federal".
Os pataxós decidiram ocupar a área depois do enterro de Galdino Jesus dos Santos. A fazenda integra uma área de 788 hectares cuja posse foi concedida aos índios em dezembro passado. Guimarães vai receber indenização pelas benfeitorias realizadas.
Segundo o Tribunal Regional Federal da primeira região, a fazenda, comprada há cinco anos, pertence aos índios.
Com 408 hectares, a fazenda possui, além da sede, sete casas, dois depósitos e uma represa. Segundo o dono, a fazenda tem 280 bois e produz entre 800 e 1.000 toneladas de cacau por safra.
O fazendeiro disse que não aceita o argumento usado pelo Tribunal Regional Federal para dar razão ao pedido de posse dos índios. Para o tribunal, não pode existir posse de não-índio em terras indígenas.
"Por esse raciocínio, o governo federal deveria desapropriar a baía de Guanabara e o Palácio do Planalto, que também já foram habitados por índios." Ele disse que vai recorrer para tentar recuperar sua fazenda.
Ele e os donos das quatro outras fazendas ocupadas retiraram seus pertences ontem.
Os índios se revezaram para dormir na fazenda. Mesmo com 22 policiais federais garantindo a ocupação, apenas 15 índios eram autorizados a dormir três horas de cada vez.
Desarmado
Guimarães foi desarmado ontem por agentes da Polícia Federal dentro da fazenda Paraíso.
Escoltado pela PF, Guimarães chegou à fazenda às 9h30, dirigindo seu próprio carro, uma perua Santana Quantum. Depois que ele já estava havia 15 minutos na casa, um policial percebeu que o fazendeiro estava armado com uma pistola Taurus 765.
O fazendeiro entregou a pistola e o documento de porte de arma ao agente e disse que estava armado para garantir sua segurança e de seus parentes. "Não penso em partir para um confronto, mas não posso descartar a possibilidade de legítima defesa."
Os agentes disseram ao fazendeiro que sua arma e porte só seriam devolvidos depois que ele deixasse o local. O porte vence em junho do ano que vem e tem validade restrita ao Nordeste.

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