São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Base da PM quer unificação das polícias

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar divulgou ontem uma nota repudiando o pacote de medidas na área de segurança pública anunciado anteontem pelo governador Mário Covas.
As medidas do projeto de Covas pretendem reduzir o poder da Polícia Militar e ampliar o poder da Polícia Civil, que passaria a ser responsável pelo policiamento ostensivo, hoje feito apenas pela PM.
A associação considera a atitude do governador Mário Covas "antidemocrática e desleal", pois ele não teria consultado entidades de classe das polícias Civil e Militar para elaborar o projeto. A nota foi divulgada ontem de manhã durante reunião de seis entidades classistas da Polícia Militar.
Na reunião, foi criada uma comissão para redigir um substitutivo ao projeto de emenda constitucional que o governador enviou à Câmara dos Deputados.
Apesar de discordar das idéias do governador, a Associação de Cabos e Soldados defende a unificação das polícias Civil e Militar sob um mesmo comando.
Esse deve ser o principal ponto do substitutivo.
"A associação é favorável à extinção das duas polícias e criação de uma nova, desmilitarizada e com um único comando, novo regulamento e policiais com uma remuneração melhor", afirma o cabo Wilson de Oliveira Morais, presidente da associação.
"Essa é a opinião da maioria dos cabos e soldados. Apenas a cúpula da PM é contra a unificação, pois perderia muitas regalias."
Vexame
A nova polícia imaginada por Morais seria integrada automaticamente por todo o efetivo atual das duas polícias.
Ele discorda da proposta de Mário Covas de que policiais militares precisariam passar por exames de seleção para integrar a nova força policial.
"É uma situação vexatória para todos os praças da Polícia Militar. Se eles estão no quadro da PM é porque são capazes. Seria ridículo fazer exames e provar a idoneidade moral para continuar exercendo a mesma função", afirma.
Para a associação, o governador e o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, não estão aptos a elaborar um projeto de mudanças na polícia, pois "nunca fizeram curso de segurança nem frequentaram escolas de polícia".
Democracia
O governador, por sua assessoria, afirmou ser legítima a decisão das entidades de apresentar um substitutivo à sua emenda.
Segundo ele, a idéia ao apresentar o projeto foi iniciar um debate sobre mudanças na estrutura atual da polícia. "Não estou baixando um ato institucional."

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