São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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PM proíbe o uso de arma particular

HÉLIO SANTOS; OTÁVIO CABRAL
DO NP

O comando geral da Polícia Militar distribuiu anteontem um comunicado aos batalhões da Grande São Paulo proibindo a utilização de armas particulares pelos policiais.
O policial que desrespeitar essa norma responderá a sindicância administrativa, terá a arma recolhida e poderá ficar preso entre um e 30 dias.
O regulamento interno da Polícia Militar já proíbe a utilização de armas particulares. Mas, como a PM fornece apenas revólveres calibre 38 para os policiais, a maioria deles utiliza outras armas.
A circular divulgada pelo comando da PM visa ressaltar essa proibição, alertando aos policiais que eles podem ser punidos.
"Todos os comandantes sabem que os policiais usam armas particulares, mas eles não coíbem porque sabem que não dá para enfrentar bandidos que têm metralhadoras usando revólveres velhos", afirmou o cabo Wilson de Oliveira Morais, presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM.
Segundo ele, cerca de 80% dos policiais que trabalham nas ruas utilizam uma segunda arma. As mais utilizadas são pistolas automáticas ou semi-automáticas.
Morais não concorda com a decisão do comando da PM: "Desarmando a polícia, a segurança dos policiais e da sociedade fica comprometida e os bandidos ficam com muito mais poder".
Morais afirma que o arsenal da PM é ultrapassado. Segundo ele, cerca de 50% dos revólveres utilizados pelos policiais não funciona adequadamente e deveria estar fora de uso.
"As armas falham bastante. É comum ver policiais apertando o gatilho três vezes para sair um tiro. Muitos policiais acabam morrendo por causa dessas falhas."
A maioria dos revólveres utilizados hoje pela PM tem cerca de 30 anos de fabricação.
Boa parte deles pertenceu à extinta Guarda Civil, segundo um oficial da Polícia Militar que não quis se identificar.
A circular também reitera que o uso de armas pesadas só será permitido com autorização por escrito do Comando Geral da Polícia Militar.
Com isso, o uso de metralhadoras e espingardas fica restrito a operações especiais.
A única exceção é a tropa de choque, que é autorizada a sair às ruas com armas pesadas.
O comando geral da Polícia Militar não quis se manifestar sobre o comunicado.
O setor de relações públicas pediu para a Folha enviar as perguntas por fax. Mas, até as 19h de ontem, não havia respondido.
A Secretaria da Segurança Pública não quis comentar o assunto por desconhecer a circular.
(HÉLIO SANTOS e OTÁVIO CABRAL)

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