São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Sócios querem regra única no Mercosul

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Roque Fernández, anunciou ontem que os parceiros brasileiros do Mercosul vão propor ao Brasil um novo regime de financiamento ao comércio exterior dentro desse bloco econômico.
A iniciativa da Argentina, do Uruguai e do Paraguai é uma reação ao pacote antiimportação lançado pelo Brasil há quase um mês.
Fernández não deu detalhes sobre as novas regras de financiamento, que segundo ele serão encaminhadas ao Brasil no próximo dia 31 de julho.
As autoridades econômicas da Argentina -assim como as dos demais parceiros brasileiros no Mercosul- não ficaram satisfeitas com o resultado da reunião ocorrida anteontem em Assunção (capital do Paraguai).
Elas queriam que o Brasil suspendesse, imediatamente, todas as restrições determinadas -as importações inferiores a US$ 40 mil só podem ter um financiamento máximo de três meses.
Mas o Brasil não recuou e manteve as restrições, que atingem ainda as compras feitas no Chile e na Bolívia.
A posição brasileira deixou as autoridades argentinas sem perspectivas favoráveis no curto prazo.
Junto ao Ministério da Economia e ao corpo diplomático que atua no Mercosul, a Folha apurou que o encontro dos presidentes Carlos Menem (Argentina) e Fernando Henrique Cardoso (Brasil) neste final de semana, no Rio de Janeiro, não deverá resultar em uma solução prática para esse conflito comercial.
Sendo assim, os parceiros brasileiros no Mercosul apostam que só poderão resolver essa questão em uma nova reunião de autoridades econômicas (que deve acontecer em junho, novamente em Assunção).
O ministro Roque Fernández informou ontem que a única flexibilização brasileira no encontro de Assunção foi aceitar discutir, caso a caso, a suspensão das restrições para itens que tenham problemas de sazonalidade (produtos agrícolas, por exemplo). "O Brasil vai discutir cada caso, com base em estudos dos países", afirmou.
Reflexos Os exportadores argentinos também estão refletindo o pessimismo do governo federal, revelou uma pesquisa feita pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos).
A pesquisa aponta que 31,5% do setor não espera qualquer variação no volume das exportações do país no segundo trimestre deste ano, enquanto 24,1% chegam a acreditar que haverá queda.

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