São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Guerrilheiro poupou a vida de ministro

El Comercio
de Lima

DO "EL COMERCIO"

O ministro da Agricultura do Peru disse que não conseguiu dormir lembrando-se do terrorista do MRTA que poupou sua vida na casa do embaixador japonês em Lima, disse o jornal.
Rodolfo Muñante contou que, segundos depois que as tropas do Exército começaram a invasão da casa do embaixador japonês, um jovem guerrilheiro entrou no quarto onde estavam os reféns de mais alto posto, armou seu rifle e apontou direto para ele. Depois, apontou para cada um dos outros.
Era a hora de executar a tarefa que treinou dezenas de vezes durante todo o período que durou o sequestro. Mas ele não atirou.
"Não sei o que aconteceu. Não sei se ele teve dúvidas, mas vi tristeza em seu olhar. Talvez por causa da ordem de nos matar, talvez por estar vendo sua vida terminar. Então, numa questão de segundos, ele virou as costas, saiu e fechou a porta", disse Muñante ao diário.
O ministro peruano afirmou que, depois de ter sido libertado e voltar para casa não conseguia parar de pensar no guerrilheiro, que acabou sendo morto junto com seus 13 companheiros.
"Eu quase não dormi. Fui para cama e fiquei pensando nisso o tempo todo. Ficava me lembrando o tempo todo da atitude desse rapaz", comentou Muñante.
Após quatro meses de convivência forçada, os reféns e os sequestradores acabaram por formar algum tipo de laço, disse o ministro.
Talvez por isso, especulou, o jovem tenha evitado matar os reféns, como seria a ordem no caso de invasão.

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