São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Potências são 'paroquiais', diz relatório

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

As grandes potências mundiais estão se tornando cada vez mais "paroquiais", dando menos importância para assuntos internacionais e de segurança e direcionando-se para questões internas.
A conclusão é do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres. O órgão divulgou ontem seu relatório anual.
"Os governos se encontraram preocupados com considerações domésticas. Em busca de votos ou de apoio, líderes ajustaram suas políticas para a direção que acreditavam ser a desejada por seus eleitores", diz texto do relatório.
Na prática, isso significa uma atuação cada vez menor das grandes potências em conflitos externos.
"A tendência do período da Guerra Fria, de ver interesses em perigo em partes distantes do globo, erodiu totalmente", afirma o documento.
Exemplo da prática foi a aprovação pelos EUA da lei Helms-Burton, que aumenta as sanções dos EUA contra Cuba. A lei foi aprovada em um momento em que o presidente Bill Clinton precisava mostrar uma posição dura para conseguir reeleger-se.
A negativa do governo norte-americano em dar apoio ao egípcio Boutros Boutros-Ghali em um segundo mandato à frente das Nações Unidas também mostra, segundo o instituto, a priorização dos interesses domésticos em detrimento à política externa.
O documento também alerta para a necessidade de medidas para tentar impedir o acesso de países pequenos a armas químicas e bacteriológicas.
Especialistas ocidentais temem que Estados como o Iraque e a Coréia do Norte possam lançar mão desse tipo de armamento.
Segundo o IIEE, os países desenvolvidos devem se preparar para enfrentar essa ameaça. Outra preocupação é quanto ao acesso à tecnologia para a fabricação de mísseis de longo alcance.
Brasil
O relatório aponta o aumento do tráfico de drogas no Brasil como um problema que pode causar confronto com os EUA.
"O papel modesto do Brasil no tráfico mundial de entorpecentes deve mudar, e essa mudança vai causar um acompanhamento mais próximo e mais conflitos com os Estados Unidos."
O documento aponta também a melhoria das relações com a Argentina e o fim da ameaça "subversiva" como fatores que levaram as Forças Armadas a se direcionarem para projetos como o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).

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