São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Equilíbrio fiscal; Sem recuo; Discriminação; Velhos jargões; Crime em Brasília; O bode; Sem garantias; Mercado de trabalho

Equilíbrio fiscal
"Queremos parabenizar o editorial deste jornal e também o jornalista Elio Gaspari pelos artigos relacionados à guerra fiscal absurda que se trava em nosso país.
Os Estados e a União dependem hoje, mais do que nunca, de um equilíbrio fiscal que viabilize sua capacidade de investimentos sociais e de infra-estrutura.
Nossos governos serão cobrados no futuro pela coerência de nossas posturas no presente."
Emerson Kapaz, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico (São Paulo, SP)

Sem recuo
"Na reportagem 'Deputado recua e aceita manter IPM' (24/4), o deputado Paulo Heslander (PTB) aparece como o grande vitorioso no episódio do projeto que transfere a competência para o processo e julgamento de crimes de policiamento para a Justiça comum.
Quero ressaltar que não houve nenhuma negociação com o aludido parlamentar, mas, tão-somente, com o governo e as suas lideranças na Câmara dos Deputados.
O projeto em questão tem o mérito de transferir o processo e julgamento de todos os crimes praticados por policiais militares nas atividades de policiamento contra civis para a Justiça comum.
E, se mantém o IPM, torna obrigatória, o que hoje é facultativo, a presença do Ministério Público nessa instância, o que assegura a imparcialidade nesse instante da colheita de provas.
Acrescente-se que o Supremo Tribunal Federal, em decisão recente, reconhece o inquérito policial civil como peça informativa adequada para a instauração do devido processo legal contra policiais militares na Justiça comum.
Não considero, portanto, que houve qualquer recuo, mas a aceitação de alterações que em nada desvirtuam o contexto do projeto original. O ótimo é, às vezes, inimigo do bom."
Hélio Bicudo, deputado federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Discriminação
"O povo Cocama, como todos os outros povos indígenas do Brasil, sofre na carne a discriminação praticada contra nós, índios.
Nós só somos lembrados em época de eleição ou quando se precisa fazer algum movimento contra o governo.
Quando brigamos à nossa maneira pela demarcação de nossas terras é porque nós cansamos de esperar pelas promessas e mentiras daqueles que dizem cuidar das causas indígenas brasileiras.
Mesmo assim, quando mostramos nossa revolta para chamar a atenção do governo para os nossos problemas, somos chamados de irracionais."
Sebastião Castilho, presidente do Conselho Fiscal da Coordenação de Apoio aos Índios Cocama -Coiama (Manaus, AM)

Velhos jargões
"A senhorita Anita Leocádia Prestes, em carta ao 'Painel do Leitor' (11/4), expressa uma série de opiniões pessoais carregadas de velhos jargões e preconceitos contra o filme 'O Velho, a História de Luiz Carlos Prestes'.
Ela e suas tias Eloyza e Lygia foram devidamente consultadas e convidadas, no primeiro semestre de 95, para participar do projeto.
Anita expressou seu total desacordo com a proposta do documentário e com a lista dos historiadores, políticos e amigos que pensávamos entrevistar.
Pedimos assim uma sugestão das personalidades que poderiam falar sobre a trajetória de Prestes. Ela foi taxativa: 'Hoje, não há ninguém vivo com a estatura política ou histórica capaz de analisar e comentar a vida de meu pai'.
Para nós, foi um 'não' irresponsável.
O filme não foi feito para um grupo político, amigos ou parentes. É nossa contribuição para a revelação da história não-oficial.
Luiz Carlos Prestes é um patrimônio do povo brasileiro, que precisa ser conhecido pelas novas gerações.
Infelizmente, para alguns o 'muro' interior, o da alma, ainda não caiu. Prestes não é propriedade particular de alguns, que evitam discuti-lo.
Alguém que teve como herança a preocupação com o coletivo não deveria defender interesses assim tão particulares. O julgamento final nunca será nosso, ele pertence ao público que por ventura assista o filme. Prestes é de todos os brasileiros."
Di Moretti, roteirista, e Toni Venturi, diretor do filme (São Paulo, SP)

Crime em Brasília
"Lógico: não haverá punição; o caso será arquivado por falta de evidências. O crime ocorrido em Brasília só vem confirmar o que a elite sente e pensa sobre os humildes e financeiramente inferiores a eles.
O ato desses jovens não difere das ações dos maus policiais, dos políticos corruptos e de toda uma sociedade hipócrita que finge lutar por uma sociedade justa e igualitária."
Selma Rodrigues Ferreira (São Paulo, SP)
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"Ainda bem que há alguém como Marilene Felinto na imprensa. Em sua coluna de 22/4 ela expôs com muita precisão toda a minha indignação em relação aos assassinos do índio pataxó em Brasília.
Espero que o fato de serem parentes de juiz e policiais não influencie no julgamento desses assassinos."
Danilo Maestro Gersosimo (São Paulo, SP)

O bode
"Mais uma vez os políticos usam o recurso do 'bode' na sala.
Nesse caso, o 'bode' foi o extrateto. Retirado, ninguém mais discutirá o 'auto-reajuste' de 35% que nenhuma outra categoria trabalhadora terá como reposição salarial."
Eduardo Moreno (Macaé, RJ)

Sem garantias
"Com relação ao editorial 'Heranças do empreguismo' (23/4), que diz que a estabilidade não passa de um privilégio inaceitável, gostaria de lembrar que esses funcionários não possuem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Se um funcionário público for exonerado, sairá com uma mão na frente e outra atrás.
Empreguismo é o que vai continuar acontecendo no alto escalão, com as nomeações para cargos de chefia.
Os concursados que teriam esse direito são preteridos em favor dos apadrinhados que ainda mancham a imagem do servidor público."
Rogério Virgínio dos Santos (São Paulo, SP)

Mercado de trabalho
"A luta dos estivadores pelos postos de trabalho nos navios que atracam na Cosipa é de todos os trabalhadores da Baixada Santista.
O governo federal, ao editar a portaria 94/95, pretende provocar desemprego em massa de mais ou menos 2.400 trabalhadores.
Ao fazer a manifestação os sindicatos estão apenas defendendo o direito ao seu mercado de trabalho."
Cláudio Sergio Contro (Santos, SP)

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