São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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CAPITAL SEM EUFORIA

O FMI tornou públicas, com grande otimismo, suas novas previsões para a economia global. Mas quando trata da economia que lidera o sistema internacional, a dos EUA, o FMI pede mais rigor contra um aquecimento excessivo. Isto é, sugere taxas de juros mais altas.
Para os países em desenvolvimento não poderia haver sinal mais ambíguo e análise mais contraditória.
Uma economia global crescendo a uma taxa anual de 4,4%, a maior em quase dez anos, como prevê o FMI, é uma boa notícia. Cria possibilidades de mais exportação de matérias-primas e produtos primários e mesmo, para países como o Brasil, ajuda as exportações de manufaturados.
Mas a perspectiva de "aperto moderado" na política monetária dos EUA, como pede o diretor-gerente do Fundo, Michel Camdessus, significa também que o cenário nos próximos dois anos (horizonte das previsões anunciadas) é de dificuldades maiores para os países que dependem de crédito externo.
Aliás, o mesmo aperto nos juros que pode dificultar os fluxos de capitais para os emergentes produz, nos EUA, um desaquecimento e, portanto, menos espaço para a importação de produtos do resto do mundo.
Foi também divulgado o relatório do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), entidade que reúne bancos privados. Como o FMI, o IIF prevê um cenário animador, de consolidação dos fluxos privados para os "países emergentes". Mas, cautelosamente, a instituição afirma que novas elevações dos juros internacionais afetarão esses países; os investimentos devem ficar estáveis, comparados à expansão dos últimos anos.
Em resumo: ninguém está pessimista, mas o entusiasmo é coisa do passado. Aparentemente, o Brasil ainda tem, nos próximos dois anos de ambiente externo favorável, uma chance de arrumar a casa.
Mas a crise mexicana deixou uma lição: toda euforia será castigada.

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