São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ausência de 66,7% abaixa nota da Poli

Engenharia da USP obteve avaliação D

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Maior faculdade dentro da maior universidade do país, referência de tecnologia para a iniciativa privada e um dos vestibulares mais concorridos de sua área no Brasil.
Esses são alguns dos atributos da Escola Politécnica da USP, uma das melhores escolas de engenharia brasileiras e que, curiosamente, teve nota D no provão.
A reprovação, aqui, tem explicação: muitos alunos entregaram as provas em branco, em um boicote contra a avaliação.
"Só 11 em quase cem formandos fizeram a prova. O resto entregou em branco, como eu", diz Márcio Viegas, 22, formado no ano passado em engenharia civil na Poli e hoje matriculado na pós-graduação da escola.
Segundo o governo, 66,7% dos avaliados na Poli deixaram a prova em branco.
Viegas liderou o boicote. "Somos a favor da avaliação, mas o provão não avalia qualidade da aula, regime de dedicação do professor, infra-estrutura disponível etc.. Do jeito que foi feito, logo vai ter faculdade dando curso para aluno passar no provão. É o cursinho de terceiro grau."
O estudante não vê graves problemas na Poli, mas acha que as más condições das salas de aula e a qualidade questionável de alguns professores, por exemplo, não são medidas pelo provão.
"Da mesma forma, nossos laboratórios, que recebem visitas de empresas interessadas em pesquisas, e as bibliotecas, com muito material para pesquisa, também não são avaliados."
Segundo Cristina Capriolli Lodi, diretora acadêmica da Escola Politécnica, uma pesquisa feita entre formandos apontou que 90% dos alunos da Poli estão empregados na data da colação de grau. "E 60% deles são empregados em engenharia civil."
Ao contrário de boa parte dos cursos particulares de engenharia, na Poli 55,1% dos professores trabalham em regime de dedicação exclusiva, de 40 horas semanais, divididas entre aula, atendimento a alunos e pesquisa.
"A disponibilidade do professor, fora da aula, é uma das coisas mais importantes do curso", diz Viegas.
Outro ponto de destaque é a formação do corpo docente. Cerca de 70% dos professores que lecionam o currículo específico do curso de engenharia civil têm doutorado, no mínimo.

Texto Anterior: 17% dos formandos faltaram ou entregaram a prova em branco
Próximo Texto: Os números do provão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.