São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Estudante assalariado diz que continuará pobre como antes

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O estudante e orientador de estacionamento em Recife (PE) José Ramos da Silva Filho, 18, reagiu com indiferença à notícia de que o salário mínimo seria reajustado em R$ 8, a partir de maio.
"Vai ficar tudo a mesma coisa, vou continuar sendo pobre como hoje, ou até mais pobre ainda", disse.
Silva Filho teme que os preços subam para compensar o reajuste salarial. "Sobe um pouquinho aqui, um pouquinho ali e nós, ó...".
O adolescente, que hoje recebe R$ 93 líquidos para cuidar de um estacionamento no centro da cidade, mora com os pais e dois irmãos. Ele é a única pessoa da casa a trabalhar com carteira assinada.
Há seis meses, o garoto cumpre a mesma rotina: acorda às 4h e, às 5h30, embarca em um ônibus no município de Abreu e Lima (21 km de Recife) para chegar ao trabalho pouco antes das 7h.
No estacionamento, Silva Filho fica até as 17h, "fazendo um pouco de tudo". Depois, vai direto para uma escola estadual, onde cursa a 8ª série. Só volta para casa às 22h30.
Parte do dinheiro que recebe é entregue aos pais. Ele utiliza o restante para comprar "uma roupa" e financiar seu estudo. Os R$ 8 que vai ganhar a mais "não vão dar para melhorar nada", acredita.
"Um aumento desses é absurdo", reclama. "Depois dos descontos, vai sobrar uns R$ 5. Não dá para ir ao cinema nem uma vez", constatou.

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