São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Força pretende fazer compras

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Os planos do Exército incluem a compra de uma gama variada de material bélico e a modernização de parte do que já existe. Não se trata de fazer compras volumosas, embora alguns itens estejam atraindo a atenção de empresas estrangeiras.
Isso se nota pelo número razoável de empresas que vieram ao Rio de Janeiro para participar da Latin America Defentech, feira internacional de material bélico que terminou ontem.
São justamente áreas importantes do equipamento que estão na mira dos vendedores estrangeiros, como a Aviação do Exército, o núcleo de blindados, e as unidades de pronto emprego.
Para conseguir uma maior penetração desse mercado para empresas do seu país houve uma intervenção até do próprio governo dos Estados Unidos.
Um primeiro passo foi o "leasing" ao Exército de tanques usados americanos M-60 a um preço irrisório.
O Exército também comprou o tanque alemão Leopard 1, com características semelhantes, mas considerado melhor adequado a operações no país, por ser mais leve e se adaptar com mais facilidade às estradas e pontes brasileiras.
A venda dos M-60 foi criticada por muitos oficiais do Exército, que viram uma nítida influência política do governo dos EUA junto ao governo brasileiro.
O uso de dois tanques diferentes da mesma classe causa problemas de logística (suprimentos) e forçou até uma adaptação da doutrina de seu emprego.
O Exército está colocando os M-60 em unidades do Rio Grande do Sul, e os Leopard no Rio de Janeiro e Campinas, uma região mais central, pois são dotados de maior mobilidade estratégica.
Outra área na mira americana são os helicópteros da Aviação do Exército, que hoje usa equipamento basicamente francês. Os EUA querem que o Brasil compre helicópteros Blackhawk, que já foram vendidos por exemplo à Colômbia para uso na Amazônia em operações contra guerrilha e traficantes.
A lista de compras do Exército também inclui canhões autopropulsados de calibre 155 milímetros -e novamente um produto americano, o M-109, tem mais chances de ser comprado por ter preços vantajosos.
Outros itens a ser adquiridos são sistemas de mísseis antiaéreos, veículos lançadores de pontes, rádios de campanha, morteiros de longo alcance, cozinhas de campanha, fuzis calibre 5,56 milímetros, computadores tipo notebooks de campanha, material de guerra eletrônica, entre outros.

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