São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mulheres perfeitas acabam sozinhas

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ter tudo para arranjar um namorado não adianta nada no caso dessas mulheres. Bonitas, inteligentes, bem-sucedidas e desimpedidas, elas não conseguem compreender por que estão sozinhas.
"Sou um ótimo partido", diz a designer Patrícia Jacometto, 39, 1,58 m de altura, 54 kg, loura de olhos castanhos, viajada.
"Conheço 47 países", conta. Ela diz que fala bem o português, o francês, o inglês e um pouco de espanhol e viaja por conta própria muitas vezes por ano.
"Amanhã mesmo (sexta-feira) estou indo esquiar no Canadá", diz. "Resolvi me dar uns dias de folga só para isso."
Mesmo sabendo que os homens na faixa etária dela em geral estão casados ou separados, ela prefere os solteiros. Mas isso não é empecilho. "O cara pode ser um pouco mais jovem", explica.
Ainda assim, ela não se apaixona há mais de dois anos. "Os homens andam muito complicados, não sabem o que querem. A gente acaba colecionando histórias que começam bem, mas não se desenvolvem", conta.
Patrícia nunca se casou, mas diz que não está desesperada. Ela se dá alguns luxos. "Sou advogada de formação, mas prefiro os publicitários. Ah, é verdade, eles não podem ser barrigudos nem carecas."
"Não é culpa minha"
Escolher demais pode atrapalhar, mas não no caso da advogada Edna Valadão, 36. "Faço todas as concessões para ter um companheiro", diz ela, que mesmo assim está só há quase dois anos.
"Dou muitas chances a um cara que a princípio não tem nada a ver comigo, para depois ninguém dizer que a culpa foi minha."
Edna explica que quer compromisso sério. Além de boa profissional, ela diz que gosta de cuidar de casa e também de viajar para o campo. "Sou meiga", resume.
As amigas inconformadas com a solidão de Edna volta e meia a apresentam a rapazes desimpedidos. "Mas nunca dá certo", diz.
Cansada desses "blind dates" (encontros às escuras), Edna resolveu há um mês procurar a Happy End (agência de relacionamentos estáveis). "Achei mais prático deixar nas mãos deles."
"Tenho esperança de poder conhecer uma pessoa de nível, selecionada, realmente a fim de mim", afirma Edna.
Um homem "realmente a fim" da química Maria Luz, 31, terá de conviver com uma mulher auto-suficiente. "Eles ficam assustados", diz Maria, na tentativa de explicar por que está só há um ano.
Ela lembra o último namorado que tinha o seu ritmo. "Era um francês comprador de açúcar, cidadão do mundo, imprevisível, como eu gosto", conta.
Ele era tão imprevisível que foi embora de um dia para o outro. "Sofri para burro."
Depois disso, ela conta que até tentou arrumar outro namorado. "Agora mesmo, no feriado em Maresias (litoral norte de SP), não consegui nada."
Além de auto-suficiente, Maria se considera volúvel. "Hoje eu encontro um sujeito que é o pai que eu sonhei para o meu filho", diz. "Penso nisso três dias, aí passo para outro."
Maria se queixa de solidão. "Vivo desabafando com minhas amigas", conta. "Pareço forte, mas, por exemplo, morro de medo de envelhecer. Você não sabe o que eu passo de ácido no rosto."(leia depoimento ao lado)

*Happy End - tel. 853-7466

Texto Anterior: Estresse pode ser positivo
Próximo Texto: DEPOIMENTO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.