São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Concessionária quer vender mais usados

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

As concessionárias de veículos querem aumentar a presença no mercado de carros usados, atualmente dominado pelas lojas independentes e pelos negócios entre particulares.
Para ganhar clientes, uma das armas é oferecer garantia de até um ano para o usado, semelhante à existente para o zero quilômetro.
Os revendedores se queixam de que a venda de carros novos dá prejuízo. A concorrência cada vez maior entre as marcas obriga as lojas a conceder grandes descontos sobre o preço de tabela.
A saída é encontrar novas opções de gerar receita. "É possível ganhar até 8% sobre o valor de venda do usado", diz Mario Sérgio Franco, diretor-geral da Itavema, revenda Fiat de São Paulo.
Cerca de 150 mil carros usados são vendidos todos os meses no país. A estimativa é de George Chahade, diretor da Assovesp, a associação dos revendedores de usados do Estado de São Paulo.
É um número muito próximo do volume de vendas de novos: no mês passado, as concessionárias comercializaram 153 mil unidades.
Se as concessionárias vendessem um carro usado a cada dois novos negociados, movimentariam cerca de 75 mil usados, ou seja, 50% do mercado total.
A Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias de todas as marcas, não tem dados consolidados sobre a venda de usados das lojas filiadas. Sérgio Reze, presidente da federação, calcula que o automóvel usado seja responsável por apenas 7% do faturamento.
As estimativas de revendedores e dirigentes de associações de marca ouvidos pela Folha variam entre 10% e 20% do mercado.
Faturamento maior
"Para cada cinco carros novos, a rede vende hoje apenas um veículo usado", diz Humberto Pereira Carneiro, presidente da Abracaf, associação dos revendedores Fiat.
"É pouco. O usado é fundamental para aumentar o faturamento da concessionária. A partir de agora o carro novo deve ser visto apenas como uma parte do negócio", explica Carneiro.
Garantia de um ano
As concessionárias Fiat começaram este mês a dar garantia de um ano para o usado. O prazo tradicional é de três meses. Para ter direito à garantia estendida o consumidor tem de pagar um prêmio no valor médio de R$ 400. "O cliente está atrás de segurança", diz Carneiro.
Os revendedores GM apostam no crescimento do mercado de usados. Mario Menezes Jr., presidente da Abrac (rede Chevrolet), diz que a marca também oferece garantia de um ano. "A venda de usados está em expansão na rede. Atualmente apenas 50% das lojas têm departamento de carros usados", afirma.
A direção da Assobrav (rede Volkswagen) recomenda aos filiados que mantenham a relação de um carro usado para cada três novos vendidos. "O carro usado é lucrativo para a concessionária", explica Nicolau Kohn, diretor da entidade. "Quem não souber trabalhar com o usado vai ficar fora do mercado", diz.

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