São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Argentino pede retaliação

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

A UIA (União Industrial da Argentina) vai pedir ao ministro Roque Fernández (Economia) que adote restrições às exportações brasileiras para o país, caso o Brasil não suspenda o pacote antiimportação.
A iniciativa da UIA foi informada à Folha pelo presidente da entidade, Jorge Blanco Villegas. "Também temos que tomar medidas unilaterais", afirmou. A UIA é uma entidade que reúne cerca de 300 empresas argentinas.
No dia 1º de abril passado, o Brasil dificultou o acesso dos importadores a financiamentos com prazos inferiores a um ano, inclusive nas operações dentro do Mercosul (bloco econômico formado com a Argentina, Uruguai e Paraguai).
Após uma reação desses países, o governo brasileiro flexibilizou a medida, permitindo que as importações inferiores a US$ 40 mil fossem financiadas em até três meses.
O assunto está discutido pelos presidentes Carlos Menem (Argentina) e Fernando Henrique Cardoso, que estão reunidos no Rio de Janeiro.
"Importações de até US$ 40 mil não enchem um container. O Brasil deve entender a gravidade da sua decisão, que é unilateral e prejudica a atividade industrial da Argentina", disse Blanco Villegas.
A UIA enviou um representante ao Brasil para acompanhar as negociações dos presidentes Menem e FHC.
Intercâmbio
Em 1996, as vendas do Brasil para a Argentina totalizaram US$ 5,170 bilhões (cerca de 10,82% do total das exportações brasileiras).
Segundo o presidente da UIA, a presença brasileira no mercado argentino prejudica, principalmente, os setores de autopeças e de alimentação.
Em contrapartida, a Argentina vendeu US$ 6,079 bilhões para o Brasil em 1996 (aproximadamente 11,4% das importações brasileiras em 96). De todo o Mercosul, o Brasil comprou US$ 7,9 bilhões em 1996.
A posição da UIA é referendada pelas entidades empresariais do Paraguai (União Industrial do Paraguai) e do Uruguai (Câmara de Indústrias do Uruguai).
Blanco Villegas lembrou que o Brasil, ao adotar restrições ao comércio exterior, desrespeita regras estabelecidas dentro do próprio Mercosul.

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