São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pantanal para pescadoras

ADRIANA VIEIRA

Atraídas pelas belezas naturais da região, mulheres invadem reduuto masculino e lançam suas iscas
Pescaria no Pantanal não é mais coisa de homem. As mulheres, acompanhadas pelos maridos ou sozinhas, estão invadindo os rios da região, onde chegam a passar o dia inteiro num barquinho sob um sol de rachar.
Em vez de ficarem em casa esperando os maridos com os peixes, elas estão fisgando e exibindo os pintados, dourados, jaús e pacus que dão na região.
A mineira Margareth Rodrigues, 33, é uma delas. Seu marido sempre viajou com os amigos para o Pantanal. Neste ano, Margareth resolveu acompanhá-lo.
Foram para Morrinho, a cerca de 70 km da cidade de Corumbá (Mato Grosso do Sul), próximo ao rio Paraguai e ao Taquari, que abriga dezenas de hotéis pesqueiros.
"Sempre pesquei naqueles 'Pesque & Pague'. Mas aqui é o paraíso para quem gosta do negócio. E mais uma coisa: não é preciso força para pescar, e sim jeito", afirma Margareth, que, em um dia de pesca, havia pego um pacu de 6 kg, além de algumas piranhas.
Nesses hotéis pesqueiros, com acomodações bastante simples, os hóspedes contam com barcos motorizados e piloteiros -eles dirigem as pequenas embarcações, conhecem bem a localidade e dão todas as dicas para quem não entende muito do assunto.
São eles, por exemplo, que colocam as iscas vivas -caranguejos, tuviras e pirambóias (que parece uma cobrinha)- nos anzóis para as mulheres. "É meio nojento pegar nessas iscas", disse a paulista Elisa Parreira, 45, que pescava também com o marido no rio Paraguai.
A paisagem pantaneira, obviamente, é outra atração. É formada por rios de água escura, cercados por matas alagadas e por plantas aquáticas -destaque para os aguapés.
O Pantanal é caracterizado por fases de enchente e de seca. De outubro a março, a planície é tomada pelas águas. De abril a junho, quando a cheia estaciona, o período é bom para a pesca. Já quando ocorrem as vazantes (julho a setembro), é a melhor época para apreciar os animais.
A fauna, uma das mais ricas do país, conta com espécies raras, como as aves tuiuiu (conhecida como jaburu), biguá e a garça maguari; a capivara (um dos maiores roedores), o jacaré-do-pantanal e a cobra sucuri, entre outros.
Quem não tem paciência para pescar pode aproveitar as belezas naturais para um safári fotográfico, a bordo do barco ou mesmo a pé em algumas fazendas da região. Não tenha medo dos animais. Em geral, eles se assustam mais com você do que o inverso. Só não é muito aconselhável nadar nos rios.
Corumbá
Com casinhas do início do século preservadas, Corumbá é uma cidadezinha aconchegante que vale a pena conhecer. Com 217 anos e cerca de 100 mil habitantes, fica a 7 km da divisa do Brasil com a Bolívia.
O porto de Corumbá, que sobrevive basicamente do turismo, é a maior atração da cidade. De lá também partem embarcações para o rio Paraguai. Uma dica são os passeios nos restaurantes flutuantes, que duram até cinco horas.

A jornalista Adriana Vieira e a fotógrafa Ana Ottoni viajaram a convite do hotel Paraíso dos Dourados

Texto Anterior: Não se confunda quando for às locadoras
Próximo Texto: Para preservar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.