São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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FHC enfrenta protesto nacionalista no Rio

RONI LIMA; AURÉLIO GIMENEZ
DA SUCURSAL DO RIO

Manifestantes contrários à venda da Companhia Vale do Rio Doce e uma tropa de choque da Polícia Militar do Rio se enfrentaram ontem diante do hotel Copacabana Palace, no Rio, onde se encontravam os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Carlos Menem (Argentina).
O conflito ocorreu por volta de 11h45, no momento em que os dois presidentes deixavam o hotel, onde assinaram acordos do Mercosul. Gritando ofensas contra FHC -como "entreguista", por exemplo-, cerca de 200 manifestantes, ligados a partidos de esquerda e sindicatos, tentaram avançar contra o ônibus das autoridades.
A tropa de choque, que mantinha o grupo isolado na calçada que separa as pistas da avenida Atlântica, lançou três bombas de gás lacrimogêneo e usou cassetetes para dispersar os manifestantes.
Apesar de atingidos, nenhum deles ficou ferido. Três pessoas foram detidas e liberadas em seguida. Não houve registro de ocorrência na delegacia da área.
Deputados
Os deputados federais Milton Temer (PT-RJ) e Jandira Feghali (PC do B-RJ) foram empurrados por PMs. Atingida por um golpe de cassetete, a deputada Cidinha Campos (PDT-RJ) ficou com o polegar direito inchado. Além de faixas contra a venda da Vale, os manifestantes carregavam bandeiras de PDT, PT, PSTU e PC do B.
Um grupo que aguardava a saída dos presidentes na calçada do hotel, composto por cerca de 50 pessoas, dividiu-se entre aplaudir e vaiar o presidente.
A manifestação que hostilizou FHC foi promovida pelo Movimento em Defesa da Economia Nacional, que organiza atos contra a privatização de estatais.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem como "te cuida, te cuida FHC; quem derrubou o Collor pode derrubar você" e "ladrão, ladrão, a Vale é da nação".
Sentado na segunda janela do lado direito do ônibus, FHC acenou e sorriu para as pessoas no calçadão junto ao Copacabana Palace, quando o ônibus deixava o hotel.
Ao entrar na av. Atlântica, o veículo ficou de frente para os manifestantes. Nesse momento, a deputada Cidinha Campos driblou o cordão de isolamento da PM e deu murros no ônibus e xingou o presidente várias vezes.
Bolas de papel e uma bandeira foram arremessadas no ônibus. Com a saída dele, o grupo voltou-se contra os PMs, acusados de usarem violência. Para deter o grupo, a tropa de choque jogou três bombas de gás lacrimogêneo e empurrou várias pessoas.
(RONI LIMA e AURÉLIO GIMENEZ)

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