São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Brasil e Argentina fecham acordo

DENISE CHRISPIM MARIN
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O Brasil fez ontem concessões à Argentina no setor automotivo que podem contribuir para aumentar ainda mais o déficit da balança comercial neste e nos próximos anos.
O acordo, assinado pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Carlos Menem, da Argentina, prevê o seguinte: a cada dois veículos argentinos que entrem no Brasil -fora das exigências do regime automotivo-, apenas um carro brasileiro poderá ser exportado para o país vizinho.
No total, quatro montadoras argentinas -Peugeot, Toyota, Renault e Chrysler- poderão exportar para o Brasil cerca de 61 mil automóveis até 31 de dezembro de 99. A data marca o fim da validade dos regimes automotivos de ambos os países.
Em tese, as montadoras brasileiras terão direito a embarcar para o país vizinho, nessas mesmas condições, cerca de 30,5 mil veículos.
Levando em conta o valor médio de US$ 10 mil para cada veículo, as importações de carros argentinos chegariam a US$ 610 milhões nesse período. O acordo de ontem reafirma compromisso que o Brasil assumiu em janeiro de 96 de importar cerca de 85 mil automóveis (mais US$ 850 milhões) até o final de 99. Esse volume equivale ao déficit no comércio bilateral de automóveis entre 92 e 94.
Após assinar o acordo com o presidente argentino, Carlos Menem, FHC afirmou que não sabia o número exato de carros que serão importados pelo Brasil do país vizinho até 1999. Mas declarou que tal fato não provoca "nenhuma preocupação" com relação à balança comercial.
Segundo FHC, o déficit no comércio bilateral "é momentâneo e tende ao equilíbrio".
Contrapartida
O Brasil conseguiu, como contrapartida, reduzir os entraves para a exportação de café, têxteis e pneus para o país vizinho e convenceu os argentinos a diminuírem a alíquota do imposto de exportação de couros.
A Argentina teve êxito na discussão sobre as suas vendas de lubrificantes e deve conseguir facilidades para suas exportações de vinhos e medicamentos.

LEIA MAIS sobre Mercosul à pág. 2-5

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