São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Legista contesta 13 pontos de laudo oficial

DA REPORTAGEM LOCAL

Parecer técnico do legista George Sanguinetti sobre a morte do empresário Paulo César Farias e de sua namorada Suzana Marcolino contesta pelo menos 13 pontos (veja texto abaixo) do laudo apresentado por Fortunato Badan Palhares, o perito indicado pela polícia para analisar o caso.
Sanguinetti, que veio a São Paulo para o lançamento de um livro sobre sua versão do crime, foi chamado pelo Ministério Público e pelo juiz do caso, Alberto Jorge Correa de Barros Lima, para elaborar uma "manifestação técnica" sobre as mortes.
O legista reafirma que tanto PC quanto Suzana foram assassinados. Em sua opinião, a hipótese de suicídio da namorada do empresário, tese de Palhares, fica descartada pela distância do tiro que a matou -20 cm. "Alguém que se mata encosta a arma no peito."
Outro indício da presença de um assassino na casa, segundo o legista, são marcas no corpo de Suzana que demonstram que houve violência antes da morte.
Seu parecer indica um calombo na testa, inchaços no olho direito, manchas roxas nos braços e perna esquerda e sangramento profundo no pescoço. O laudo oficial nega a existência de ferimentos.
Máfia alagoana
"Não acredito no envolvimento de PC com drogas. Ele foi morto porque sabia demais e com a cumplicidade das pessoas que fazem a segurança do Estado (de Alagoas)", disse Sanguinetti.
"A morte do homem dos 30% propicia tranquilidade a empreiteiros e políticos. Até pessoas que moram em Miami dormem mais sossegadas", disse.
O ex-presidente Fernando Collor de Mello, de quem PC foi tesoureiro durante a campanha eleitoral, mora em Miami (EUA).
O legista reclamou ainda do desaparecimento de órgãos do empresário e de Suzana. Segundo ele, a análise do hióide (osso do pescoço) da namorada de PC foi feita por fotos e filmes da exumação.
Ele não teve acesso também ao coração e pulmão de PC, que, segundo Sanguinetti, teriam sido enterrados com o empresário.
O documento, que servirá de base para que a Justiça decida sobre
necessidade de nova perícia, foi entregue ontem pela manhã ao juiz encarregado do caso.
"O laudo oficial é ficção. Não sei que pressão sofreu Badan. Mas a grande fraude não está no laudo, está no inquérito policial. Houve cumplicidade entre interrogados e interrogadores", disse.

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