São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Família abre baú de Hendrix

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Quase 27 anos depois de sua morte, Jimi Hendrix está de volta ao mercado da música.
Após dois anos de uma batalha na Justiça pelos direitos da obra do cantor e guitarrista, a família de Hendrix lança o primeiro de uma série de produtos para apresentá-lo a uma geração de novos fãs.
"First Rays of the New Rising Sun" (Os Primeiros Raios do Novo Sol Nascente), álbum que ele não conseguiu completar em vida, sai pela primeira vez em seu formato integral.
Em agosto, será lançado outro disco. "Vamos voltar para o estúdio e produzir um novo álbum, mas com músicas que nunca foram ouvidas antes", disse à Folha Janie Hendrix-Wright, 36, irmã mais nova de Jimi.
A maioria do material do disco, ainda sem título, deve ser de gravações do início de sua carreira.
Janie e o pai, Al Hendrix, 75, dirigem a empresa Experience Hendrix, com sede na Califórnia, que administra a obra do cantor.
Junto com o novo álbum estão sendo relançados os três discos de estúdio do artista e um ao vivo, remasterizados a partir das fitas originais pelos engenheiros de som que trabalharam nas gravações.
"Procuramos os masters originais, que não eram usados desde quando Jimi estava vivo. Recuperar as fitas foi uma bênção", afirmou Hendrix-Wright.
O trabalho de busca durou um ano. Algumas fitas estavam esquecidas em estúdios. O último relançamento da obra de Hendrix em CD, há três anos, foi tirado de cópias de quinta geração. Sua irmã diz que ouvir as gravações originais é como "tirar um cobertor da frente do alto-falante".
O relançamento também incluiu uma série especial de discos de vinil, de 5.000 cópias. Foram utilizados os filmes originais das capas, garantindo uma boa definição, e a mesma quantidade de vinil, 180g.
Outro projeto da fundação é um documentário sobre a gravação do álbum "Electric Ladyland", que será exibido neste mês nos EUA e no Reino Unido.
Segundo Hendrix-Wright, o Experience Hendrix tem material suficiente para lançar música e imagens inéditas de Hendrix pelos próximos dez anos.
Uma das preocupações da empresa é transmitir uma imagem positiva de Hendrix, morto por uma overdose em setembro de 70.
"A administração antiga da obra usou imagens em que ele aparecia bravo, infeliz. Não que ele não tivesse esses momentos, mas queremos mostrar o outro lado dele, em que ele está sorrindo e aproveitando a vida", disse Hendrix-Wright.
O grupo está preparando uma exposição itinerante com objetos ligados ao cantor, que deve passar pelas principais cidades dos EUA.
Outro projeto é uma biografia, de onde sairá o roteiro para a produção de um filme sobre sua vida.
Ela também não descarta a possibilidade de que gravações piratas sejam colocadas no mercado de maneira parecida como ocorreu com a obra dos Beatles, compilada na série "Anthology".
Além disso, um grupo de fãs no Reino Unido espera conseguir aprovação da família para construir um museu do cantor na cidade. No momento, estão procurando um imóvel na capital britânica onde ele tenha morado.

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