São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Devotos do Ódio; Rumo; Descendents; The Refreshments; Dodgy; Tonic

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Devotos do Ódio
Mais uma ponta do pop de Recife chega ao disco: os punks/metaleiros Devotos do Ódio estréiam com "Agora Tá Valendo" (Plug/BMG). Lançados após o advento de Mundo Livre S/A e Nação Zumbi, representam um retrocesso no âmbito do movimento mangue beat: afora momentos mais matizados -como na faixa "Asa Preta", mais que mera pauleira-, trata-se de hardcore à Raimundos (mas sem as piadas sem graça). Bem menos do que o mangue tem oferecido.
(PAS)

Rumo
Um dos mitos da vanguarda musical paulistana dos 80, o grupo Rumo tem seu trabalho de estréia (Eldorado), de 1981, reposto no mercado via CD. É triste ouvi-lo hoje: o que era mito parece cabecismo universitário, em que Luiz Tatit deita falação ininterrupta e afoga tentativas melódicas e interpretativas de Ná Ozzetti e Hélio Ziskind. Sobra o besteirol bem-humorado de "Carnaval do Geraldo", legítimo clássico carnavalesco paulistano (se é que isso pode existir).
(PAS)

Descendents
Mais rebeldia eterno-juvenil na agulha laser: os Descendents gastam "Everything Sucks" (Paradoxx) -"tudo é uma droga", sendo sutil- para chorar as pitangas em tempo de punk rock rápido (15 faixas em cerca de 30 minutos, bem à Ramones). Não são neopunks, como essas turmas Offspring/Bad Religion/Green Day/etc., já que vagam na estrada desde 1978, mas, no atual contexto, acabam imersos no oceano neopunk em que ninguém se diferencia de ninguém.
(PAS)

The Refreshments
Um tanto mais acomodados são os Refreshmentes, que têm "Fizzy Fuzzy Big & Buzzy" (Mercury/PolyGram) lançado no Brasil, com mais de um ano de atraso. A banda é do Arizona e, embora soe mezzo-punk aqui e ali, está mais para o bom comportamento do Oasis que para a anarquia dos Sex Pistols. O bom humor diz presente em faixas como "European Swallow", num respiro que tanto os aproxima do Clash quanto do pop radiofônico mais manso, às vezes do baladão.
(PAS)

Dodgy
O trio Dodgy, por sua vez, busca caminhos mais contemporâneos em "Free Peace Sweet" (AM/PolyGram). Ao contrário dos aí ao lado, investe em visual moderninho e não procura cartilha fixa tipo punk, heavy ou outros menos cotados. A matriz é mais a dos anos 90, de colegas como Stone Temple Pilots ou Smashing Pumpkins. Não significa que o som seja moderno. "You've Gotta Look Up", por exemplo, só não foi feita pelos Beatles por mero acidente.
(PAS)

Tonic
Chato e tedioso mesmo é o Tonic, em "Lemon Parade" (AM/PolyGram). Ainda em cenário de barulheira, o quarteto consegue misturar num só e indigesto caldeirão punk/hardcore tipo anos 90 e a funesta interseção setentista que interpenetrava os sinistros hard rock à Led Zeppelin e rock progressivo à Pink Floyd. Ou seja, quase tudo que o correr dos anos provou que deveria ter ficado confinado ao passado. No que depende do Tonic, não ficou. Isca!
(PAS)

Texto Anterior: Bo Diddley
Próximo Texto: Os CDs mais vendidos da semana
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.