São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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'Aranha' de Louise Bourgeois volta ao parque Ibirapuera

CASSIANO ELEK MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A partir de hoje, as oito pernas da "Aranha" de Louise Bourgeois estão fincadas no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Um dos maiores sucessos da 23ª Bienal de São Paulo, a peça de três metros e meio de altura, comprada por US$ 450 mil pelo Instituto Cultural Itaú, foi doada em comodato para o museu.
A artista francesa radicada nos Estados Unidos desde 1938 começou a criar suas "aranhas" há 50 anos. No início, os aracnídeos apareceram em pequenos desenhos e gravuras. Os artrópodes seguiram caminhando lado a lado com a artista.
Em 1994, Bourgeois começou a dar contornos mais grandiosos para suas aranhas. Nesse ano ela criou a instalação "O Ninho", em que cinco esculturas em aço se sobrepunham.
A peça de 200 quilos, que está no MAM, foi criada no ano passado pela artista, que já ultrapassara os 85 anos de idade.
Em um trabalho de 1995, Bourgeois deu uma pista consistente do significado de sua obsessão: "Minhas aranhas são uma ode à minha mãe".
Assim, o crítico Paulo Herkenhoff, responsável pela sala especial da artista na 23ª Bienal, conclui que todas são uma única aranha, porque simbolizam a mesma mulher.
Bourgeois escreveu nessa obra, "Ode à Minha Mãe", que sua melhor amiga foi sua mãe. "Ela era decidida, inteligente, paciente, tranquilizadora, razoável, sutil, indispensável, clara e útil como uma aranha."
Herkenhoff, que foi escolhido para a curadoria-geral da próxima Bienal de São Paulo, diz que as aranhas encapsulam suas vítimas e nelas inoculam substâncias para digestão, que se faz fora de seu organismo.
Segundo o crítico, "assim parece ter agido Louise Bourgeois com as aranhas".
No texto em que escreveu para exposição de obras da artista no Rio de Janeiro, Herkenhoff assinala que apesar de magnitude da escultura, a obra "vive de uma fragilidade", que pode ser detectada nas pernas, que terminam pontiagudas como uma agulha.

Exposição: Aranha, de Louise Bourgeois
Quando: a partir de hoje; ter, qua e sex, das 12h às 18h; qui, das 12h às 22h; sáb, dom e fer, das 10h às 18h
Onde: Museu de Arte Moderna (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 011/549-9688)

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