São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Cientistas acham nuvem de antimatéria

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma nuvem de antimatéria foi encontrada bem no centro da Via Láctea, a galáxia onde está o Sistema Solar, do qual faz parte a Terra.
A antimatéria é basicamente a mesma coisa que a matéria, apenas com sinal trocado, pois ela é constituída por partículas elementares com cargas elétricas opostas.
A nuvem encontrada agora é composta por pósitrons, que são versões com carga elétrica positiva dos elétrons que giram em torno do núcleo dos átomos. Teoricamente, poderia existir um ser humano feito de antimatéria, mas ele jamais poderia conviver com as pessoas feitas de matéria, pois quando partículas e antipartículas se encontram, o resultado é uma explosão aniquiladora de ambas.
Os cientistas, do Laboratório Naval de Pesquisa, encontraram a radiação que resulta desse aniquilamento utilizando equipamento do Observatório Compton de Raios Gama, um telescópio espacial que capta esse tipo de radiação.
Os raios gama produzidos pela aniquilação matéria-antimatéria têm 250 mil vezes mais energia que a luz visível comum. A origem da radiação seria uma fonte de gás em torno do centro da galáxia, que estaria repleta de pósitrons. Não se sabe qual a origem da antimatéria.
Na Terra, a antimatéria já foi produzida por frações de segundo em aceleradores de partículas. Ela dura pouco -trilionésimos de segundo-, pois logo entra em contato com matéria e é aniquilada.
Os pósitrons têm uma aplicação prática na medicina, na técnica de imageamento do interior do organismo conhecida como PET -sigla em inglês para tomografia por emissão de pósitrons. No lugar dos mais tradicionais raios-X, a PET utiliza justamente a radiação do aniquilamento dos pósitrons ao trombarem com elétrons.
Uma hipótese levantada para explicar essa produção em grande escala de antimatéria é a criação de elementos químicos por estrelas explodindo perto do centro da galáxia. Outra hipótese sugere que a causa estaria nos buracos negros nessa mesma região.
Buracos negros são regiões do espaço onde a atração gravitacional seria tão forte que nem mesmo a luz poderia escapar deles.
"É como descobrir um novo quarto na casa em que vivemos desde a infância", disse Charles Dermer, um dos cientistas.

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