São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 1997
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Projetos ainda não decolaram

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os cinco novos projetos de apoio à reforma agrária divulgados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, no último dia 17, antes da audiência com líderes dos sem-terra, ainda não decolaram.
Os projetos Lumiar, Emancipar, BID, Cédula da Terra e Casulo prevêem investimentos de cerca de R$ 1 bilhão para transformar os assentados em agricultores rentáveis e produtivos. Mas, de certo mesmo, só há por enquanto R$ 21 milhões em caixa para o Lumiar, projeto de assistência técnica que visa garantir esse serviço a 240 mil famílias assentadas até 98.
O Lumiar é o único dos novos projetos que começou a sair do papel. Dias antes do protesto dos sem-terra foram assinados os primeiros cinco contratos com cooperativas de assentados. Os demais projetos estão em fase de criação.
Documento da Presidência da República divulgado na Internet (rede mundial de computadores) afirma que os novos projetos pretendem melhorar a qualidade dos 1.636 assentamentos rurais criados pelo governo desde 64.
"Perfumarias"
As novas iniciativas elaboradas pelo ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) foram batizadas como "perfumarias" e "propaganda enganosa" pelo MST.
"Isso é apenas o início de uma política de assentamento, que não deve ser anunciada com essa propaganda toda", afirmou o presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Francisco Urbano.
Na audiência com o presidente, o líder do MST João Pedro Stédile reclamou que em 96 não foram liberados R$ 21 milhões para o projeto Lumiar.
"Nem poderia porque o Lumiar foi criado neste ano", reagiu o ministro da Política Fundiária, Raul Jungmann. No entanto o material da Presidência cita que o projeto já existia em 96: "No ano passado houve apenas a alocação desses recursos para o projeto".
Jungmann disse que os novos projetos de apoio à reforma agrária ainda não deslancharam porque foram todos criados este ano.
Segundo ele, não há problemas de recursos para que as novas propostas de ação da reforma agrária comecem a ser executadas nos próximos meses.
"Esses projetos foram resultado de longas discussões e, por isso, demoraram, mas essa situação está mudando", afirmou o ministro.

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