São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 1997
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Xangai homenageia comunista, mas exalta lingerie ocidental

Libération
de Paris

FRANCIS DERON
EM XANGAI

Parece incongruente a homenagem a Chen Yi, o primeiro prefeito comunista de Xangai, morto em 1972. A cidade ergueu uma estátua dele, o "moralizador" da cidade que havia sido o mais brilhante reduto do capitalismo internacional em terras chinesas.
Mas hoje, cruzando o rio Huangpu, num local antes ocupado por alojamentos e oficinas capengas, se ergue o esboço de uma "Manhattan chinesa".
O "reaburguesamento" de Xangai se dá numa velocidade espantosa. Foi em Xangai que a Revolução Cultural golpeou mais duramente a população urbana.
Naquela época, qualquer moça que demonstrasse vaidade teria sido humilhada, tachada de prostituta, arrastada na rua e teria seus cabelos quase raspados.
Ao lado dessas recordações vemos o seguinte: em meados de abril, uma grande exposição da indústria têxtil mundial foi dedicada à lingerie. São vários milhares de metros quadrados de estandes expondo calcinhas e sutiãs rendados, sob o título malicioso de "Por Baixo da China".
"Será que a China está pronta a aceitar roupas íntimas charmosas? Essa é a questão", filosofa um representante da Nina Ricci.
"Veremos", responde o presidente da Simone Pérèle, Philippe Grodner. "Nós representamos a faixa superior desse produto; talvez ainda esteja um pouco cedo."
Na verdade, o público não tem acesso ao que acontece no recinto da exposição. "Talvez seja melhor. Seria um estouro de boiada", comenta outro profissional.

Tradução de Clara Allain

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