São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Vírus penetra fácil na vagina na relação

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro caso de Aids em mulher no país foi notificado em 1983, em São Paulo. Em 1990, 81 novos casos de Aids em mulheres eram registrados a cada mês no país.
Atualmente, cerca de 500 mulheres passam por mês só pelo hospital Emílio Ribas de São Paulo, entre portadoras do HIV e doentes de Aids. "Esse número cresce a cada dia", diz Grace Suleiman, infectologista do hospital.
O aumento de mulheres infectadas tem explicações físicas, entre outras. Estudos já mostraram que, numa relação heterossexual, a mulher corre mais risco de se infectar que um homem.
Ao se relacionar com um homem infectado, a mulher recebe uma grande quantidade de vírus concentrada no esperma, diz a médica. Como a vagina é rica em enervações, o HIV penetra mais facilmente pelos microferimentos.
O fato de o esperma permanecer na vagina por algum tempo aumenta ainda mais esse risco. As chances de infecção se multiplicam se a mulher tiver doenças venéreas ou a relação for anal.
"Traída" por seu próprio corpo, a mulher é frequentemente "enganada" pelo seu parceiro. "Mais de 90% dos homens se recusam a usar preservativo com suas próprias mulheres", diz Grace. A grande maioria dos novos casos de Aids ou HIV é de mulheres que se infectaram com seus maridos ou companheiros.
Alguns anos atrás, as vítimas eram mulheres de usuários de drogas injetáveis. Hoje -segundo Grace-, a maior parte se infecta com marido bissexual ou que pegou o HIV com outras mulheres.
Para alguns médicos, a paixão também joga contra as mulheres. Segundo eles, a mulher deixa a camisinha de lado assim que passa a gostar de alguém, mesmo que isso ocorra no segundo encontro.
Entre as mulheres grávidas soropositivas que chegam ao Emílio Ribas, cerca de 80% só ficaram sabendo da doença quando fizeram o pré-natal. "É fundamental que os ginecologistas peçam o teste rapidamente", diz Grace. Quanto mais cedo a infecção for descoberta, mais chance a criança terá de nascer sem o vírus.

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