São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997 |
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Pororoca
CARLOS SARLI Até morrer queimado, Galdino de Jesus dos Santos era um anônimo pataxó em visita a Brasília. Na mesma semana em que, ironicamente, se comemorava o Dia do Índio, outro índio anônimo, que assim permanecerá, morria -vítima de um jacaré de seis metros. Apesar de trágica, uma morte mais adequada a sua cultura.O acidente dificultou ainda mais o projeto de surfar a Pororoca. A equipe de seis pessoas, sendo duas surfistas, foi recebida com um unânime "é impossível" pela população ribeirinha. Até mesmo os bombeiros locais temem o fenômeno. Apesar das dificuldades, a equipe contava com o apoio de um barco grande e a companhia do secretário de Turismo do Amapá. Um barquinho a motor conduzia os surfistas até a foz de um afluente do Amazonas, próximo à ilha de Marajó. A pororoca é uma onda de maré que ocorre duas vezes ao dia, de três a quatro dias por mês, com duração de mais de uma hora, especialmente nas luas nova e cheia, percorrendo 30 km rio adentro. No começo, é uma onda de espuma de fora a fora do rio, que na medida em que vai entrando passa a quebrar só nas margens. Durante pelo menos 40 minutos, ela é surfável. Para se ter idéia, Chicama, no Peru é provavelmente a onda mais longa do planeta. Proporciona dois minutos de surfe. Os surfistas Eraldo Gueiros e Guga Arruda não acertaram o "timing" da onda nos dois primeiros dias. No terceiro, alcançaram o rabo da onda, mas, exaustos, pouco surfaram. Foi no quarto e último dia que tiveram razões para comemorar. Uma esquerda interminável de quatro pés, com uma sensação de velocidade dobrada pela correnteza do rio. A aventura apresentou ao mundo uma lenda que desde os tempos de Amaral Neto, o repórter, instigava os surfistas. As imagens, domingo no Fantástico, e, em breve, na revista 'Trip'. Texto Anterior: O ser e o nada de um gol contra Próximo Texto: WQS; Longboard; Triatlo Índice |
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