São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Lavadeira exibe arte popular de Recife

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Um festival que só reúne grupos da cultura popular pernambucana e nordestina acontece hoje, na praia do Paiva, na cidade de Cabo (PE): é a festa da Lavadeira, evento que já existe há dez anos mas é quase desconhecido do grande público.
Estão previstas apresentações de cerca de 15 grupos de maracatu, frevo, ciranda, coco, cavalo marinho e afoxé -manifestações que têm servido de alimento para as fusões de bandas do movimento mangue beat, como a de Chico Science e Nação Zumbi.
"A moçada mangue costuma comparecer na festa para assistir, beber na fonte e se divertir também", disse Renato L, que comanda um programa sobre o mangue beat na Rádio Clube AM, de Recife.
A festa é um dos principais eventos culturais do Estado e reúne, num só dia e no mesmo local, diversas manifestações da cultura popular regional.
O início das apresentações está previsto para as 10h e o encerramento para as 22h -horários que, caso se repita a tradição dos anos anteriores, não devem ser seguidos à risca.
O palco em que os grupos vão se apresentar fica a 200 metros da praia e também a 200 metros de uma área de mata Atlântica. É um pequeno tablado de madeira, medindo cinco metros de comprimento por quatro metros de largura e com 80 centímetros de altura.
"Nós fazemos uma festa de chão para que o público tenha mesmo proximidade dos artistas. Não é aquela coisa sisuda de um teatro, por exemplo", disse o criador e organizador da festa, o artista plástico Eduardo Melo, 36, entusiasta da cultura popular.
Uma parte do palco, destinada aos instrumentos, será coberta por lona. A chuva é bastante frequente nessa região em maio.
Entre as atrações estão Selma do Coco, que se apresentou no Abril Pro Rock, festival de música pop ocorrido na semana passada em Olinda (PE).
Selma, a "Dama do Coco" (um gênero de canção de origem africana e portuguesa), tornou-se cult na agitada cena musical pernambucana.
Outra atração é o cavalo marinho (folguedo semelhante ao bumba-meu-boi) de Mestre Salustiano -uma das inspirações da banda Mestre Ambrósio, hoje instalada em São Paulo.
O Maracatu Rural Estrela de Ouro (de Aliança, da Zona da Mata), a Ciranda da Dinda (de Água Fria, periferia de Recife), o afoxé Alafin Oyó (de Recife) e o Boi da Macuca, de Zé das Oliveiras (da Zona da Mata), são outros grupos que estão na programação.
Todos os grupos receberão cachê -o que não é comum quando se trata da apresentação de grupos populares. Selma deve receber cerca de R$ 400. Os grupos maiores devem ter cachê de cerca de R$ 2.000, segundo Melo.
Este ano, pela primeira vez, a Lavadeira terá apoio do governo do Estado e das prefeituras de Cabo, Olinda, Recife e Vitória de Santo Antão.

Evento: Festa da Lavadeira
Onde: praia do Paiva, em Cabo (PE), a 40 km de Recife
Quando: 1º de maio, das 10h às 22h
Entrada: aberta ao público

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