São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Britânicos votam sem esperar surpresa

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

O Reino Unido vai hoje às urnas com a expectativa de encerrar 18 anos de governo do Partido Conservador. O candidato do Partido Trabalhista, Tony Blair, é o favorito absoluto.
Se for eleito, Blair, 43, será o mais jovem primeiro-ministro a assumir o cargo neste século.
Caso a previsão das pesquisas seja confirmada nas urnas, os trabalhistas podem ter uma maioria de 150 a 200 deputados.
Rejeitando se render ao excesso de otimismo, Blair disse que ele e os militantes de seu partido vão lutar "até o último voto".
"Esta eleição não será decidida por pesquisas. Está na mão do povo britânico", afirmou durante entrevista coletiva. No discurso final da campanha, reafirmou que suas prioridades no governo serão educação e saúde.
Para garantir que não serão surpreendidos pela mesma situação de 1992, quando eram favoritos, mas acabaram derrotados, os trabalhistas vão empregar 500 mil cabos eleitorais e estão gastando grande parte do dinheiro das doações em anúncios de campanha.
Destino
O premiê do Reino Unido, John Major, disse que os eleitores têm hoje em suas mãos o destino do país. Major voltou ontem a tocar nas questões que tem enfatizado durante toda a campanha: a de que uma vitória dos trabalhistas coloca em risco todo o progresso econômico atingido durante o governo conservador.
"Em um momento de descuido, não jogue nosso sucesso fora. Ele é bom demais para ser jogado fora", apelou aos eleitores.
A esperança de Major é a de que os eleitores indecisos optem pelos conservadores na hora de votar. "Não se enganem. Uma cruz no lugar errado da cédula pode arruinar tudo o que conseguimos juntos", afirmou.
Major encerrou sua campanha ontem com uma vista ao Chelsea, time de futebol do qual é torcedor. Apesar da insistência de fotógrafos e repórteres presentes, ele se recusou a posar como vitorioso levantando um troféu do clube.
Pesquisas
Pesquisas divulgadas ontem pelos jornais britânicos indicam uma ligeira queda na vantagem dos trabalhistas sobre os conservadores.
A maioria dos especialistas em pesquisas eleitorais acredita que Tony Blair vai vencer a eleição de hoje, mas com uma margem menor do que a prevista anteriormente pelos levantamentos.
O perfil do eleitorado conservador é mais discreto, e parte dele se recusa a opinar em pesquisas.
Outra dúvida é quanto à participação do eleitorado mais pobre, que geralmente diria nas pesquisas que apóia os trabalhistas, mas comparece em menor número para votar no dia da eleição.
"O número de pessoas que não vota é maior entre os pobres, os jovens e as minorias étnicas. Se forem questionadas na rua, essas pessoas dirão que vão votar nos trabalhistas", disse David Denver, professor de política na Universidade de Lancaster.
Teoricamente, quanto mais eleitores comparecerem hoje para votar, melhor para os trabalhistas. Acredita-se que os conservadores tenham optado por uma campanha eleitoral longa para cansar o eleitorado e diminuir o comparecimento às urnas, que foi de 70% na eleição passada.
A previsão do tempo favorece Blair: dia ensolarado hoje em todo o país, o que significa mais eleitores votando.
Quem for às urnas hoje deve encontrar um forte esquema de segurança por causa da ameaça de um ataque terrorista do IRA (Exército Republicano Irlandês).

LEIA MAIS sobre a eleição britânicas às págs. 13 e 14

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