São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Esclarecimento; Venda da Vale; Crime em Brasília; Apoio; Saudades de Senna; O valor da honra

Esclarecimento
"Minha entrevista dada no dia 25 passado ao repórter Luiz Henrique Amaral tinha o objetivo de esclarecer pontos relacionados com a CPI dos Precatórios.
Não fiz afirmações envolvendo o senador Roberto Requião, como foi estampado no título da reportagem, publicada na edição do dia 26.
A inveracidade alcança a afirmação atribuída ao dono da Trader, sr. John Albert Spears King, conforme consta do texto da referida reportagem: 'Sobre a operação com a Trader, Ageo Silva afirmou que 'infelizmente o relator trouxe uma mentira para o plenário'."
Ageo Silva, vice-presidente-executivo do Bradesco (Osasco, SP)

Nota da Redação - Ageo Silva, em entrevista gravada, de fato, acusou o dono da Trader de ter mentido em depoimento ao relator Roberto Requião. Mas, como a sua carta confirma, referiu-se, sim, a Requião ao lamentar que o relator "infelizmente, trouxe uma mentira para o plenário".

Venda da Vale
"Não há democracia sem um Poder Judiciário autônomo e imune às injunções políticas. Felizmente, o que se vê agora, por ocasião da tentativa de leiloar a Companhia Vale do Rio Doce, é o Judiciário reafirmar essa autonomia.
A concessão de liminares e, mais importante, a manutenção pela Justiça de liminar concedida sexta-feira passada suspendendo o leilão vêm, sem dúvida, reforçar a autoridade judiciária.
Tal atitude, neste momento, adquire uma importância capital, sobretudo porque põe por terra a postura arrogante do Executivo, que busca, por todos os meios, funcionar como único e soberano poder da República."
Marcos Ubiratan Abrão, presidente da Associação Brasileira de Imprensa-São Paulo -ABI-SP (São Paulo, SP)
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"Luís Nassif perguntou como se chama o uso de expedientes processuais para adiar decisões inevitáveis. A resposta é: chicana. Quem pratica a chicana é chicanista. O chicanista é a antítese do jurista.
No caso da Vale, a chicana está sendo feita em nome de um suposto interesse público, ignorando-se que isso não é uma expressão vazia, mas, sim, deve corresponder àquilo que os representantes do povo, democraticamente eleitos, qualificam como tal.
As liminares concedidas estão com sinal trocado, pois o interesse público está na fiel execução do Programa Nacional de Desestatização, e não o contrário.
Reconheça-se, porém, a coerência dos chicanistas, pois o que eles defendem é exatamente o atraso."
Adilson Abreu Dallari, professor-titular de direito administrativo da PUC de São Paulo (São Paulo, SP)
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"Mais de cem ações contra a privatização da Vale deram entrada nos tribunais nas horas que antecedem o leilão de sua privatização. Se fossem sérias, teriam sido iniciadas bem antes.
É típico de uma sociedade subdesenvolvida ter uma Justiça frágil, partidária ou que aceita ser usada politicamente. Ao aceitar esse papel, a Justiça demonstra a todos os investidores internacionais que aqui os riscos são maiores.
Não tenham dúvidas, senhores, todos nós vamos acabar pagando mais juros no futuro, desnecessariamente. Subdesenvolvimento sai caro!"
Igor Cornelsen (São Paulo, SP)
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"As cenas vistas e descritas sobre a negociação da Vale apontam para a necessidade de se reavaliar o significado do vocábulo grego democracia.
Está claro que nem todos protestam contra a privatização, mas claro também está que a quantidade de manifestações, liminares e depoimentos de personalidades indicam que tem muita gente contrária à venda da mineradora.
O bom senso indica que é hora de ouvir o povo, por meio de um democrático plebiscito."
Pretestato de Oliveira (São Paulo, SP)

Crime em Brasília
"Há pouco tempo, 'alegres estudantes', na Unicamp, abriram um hidrante, nele colocaram um cano e inundaram a biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.
Integrei a comissão de investigações, horrorizado com o cinismo empregado contra o espírito. Livros recém-adquiridos de Platão, Aristóteles etc., cujo preço é incalculável, estão sendo recuperados no Centro de Memória da Unicamp.
Agora, canalhas da mesma laia ousam mais. Os primeiros usaram água, os de Brasília usam o fogo diretamente sobre o corpo de um índio.
Será preciso atingir todos os quatro elementos para que a sociedade brasileira, com sua classe média boçal, útero fértil das ditaduras e dos fascismos, mostre toda a sua face hedionda?
Cadeia neles, e não apenas hipócritas exclamações sobre a 'vergonha' e o 'horror'.
Direitos humanos são conseguidos provando-se que ninguém está acima da lei!"
Roberto Romano, professor-titular de filosofia política da Unicamp -Universidade Estadual de Campinas (São Paulo, SP)

Apoio
"A Associação Juízes para a Democracia vem manifestar apoio à proposta de emenda constitucional do governador Mário Covas, reestruturando a atividade policial dos Estados.
O respeito à lei depende, em muito, da eficiência do trabalho policial, cujos servidores devem estar submetidos ao controle da sociedade civil e ao julgamento pela Justiça comum, como qualquer cidadão. Devem atuar em parceria com a comunidade, permitindo, nessa interação, o mútuo controle.
A proposta, além de imprimir mais racionalidade, economia e eficiência na prestação desses serviços, cria esperanças de um futuro melhor."
Urbano Ruiz, presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia (São Paulo, SP)

Saudades de Senna
"São três anos de saudade no coração de um povo que aprendeu a amar Ayrton Senna e, por seu intermédio, aprendeu a sentir orgulho deste país varonil.
Três anos, Ayrton, e nossos olhos ainda marejam em busca da nossa estrela que hoje brilha nos céus com as cores do Brasil!"
Sandra Mara Alves (Porto Alegre, RS)

O valor da honra
"O sr. Tito Lívio Fleury Martins critica o PT por criticar Maluf em campanha pela TV, e conclui: 'A honra tem valor pecuniário, e o PT não escapará' (14/4).
Em quanto o sr. avaliaria a honra do ex-prefeito?"
Sirio Possenti (Campinas, SP)

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