São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997
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Blair obtém vitória histórica e encerra 18 anos de governo conservador britânico

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

A apuração parcial dos resultados da eleição britânica indicava que Tony Blair será o próximo primeiro-ministro do Reino Unido. Com a vitória, o candidato trabalhista encerra 18 anos de administração contínua do Partido Conservador.
Projeções sobre resultados parciais previam uma vitória histórica dos trabalhistas, com uma maioria de pelo menos 140 parlamentares.
Até as 3h de hoje (23h de ontem em Brasília), os conservadores haviam conquistado 29 cadeiras no Parlamento, os trabalhistas, 271, e os liberais-democratas, 20.
Segundo pesquisa da rede de TV BBC, os trabalhistas tiveram 47% dos votos, contra 29% dos conservadores. Os liberais-democratas vinham em terceiro, com 18%.
A BBC estimava que, se os trabalhistas vencessem a eleição com essa vantagem, poderiam obter uma maioria de 200 cadeiras.
Em 1945, o partido conseguiu uma maioria de 144 cadeiras. Se a marca for superada, será o melhor resultado obtido por um partido britânico desde 1832.
Outra pesquisa de boca-de-urna, feita pela rede de TV ITN, previa que os trabalhistas teriam uma maioria de 159 deputados.
Blair, 43, será o mais jovem premiê a governar o Reino Unido neste século. Ele assumiu a liderança trabalhista em 1994 e tem conduzido uma mudança interna que levou o partido de raízes socialistas ao centro do espectro político.
Os conservadores comandam o governo mais longo deste século no país, e um quarto da população não se lembra das administrações trabalhistas. A última vitória eleitoral do partido ocorreu em 1974.
Nas primeiras horas da madrugada, os conservadores admitiam a derrota e falavam em se reorganizar para a próxima eleição.
O secretário da Defesa, Michael Portillo, o secretário de governo para a Escócia, Michael Forsyth, e o chanceler, Malcolm Rifkind, não conseguiram se reeleger e estão fora do Parlamento.
Blair foi a sua seção eleitoral em Trimdon, nordeste da Inglaterra, acompanhado da mulher, Cherie, e dos três filhos, Euan, 13, Nicholas, 11, e Kathryn, 9.
"Não há honra maior do que servir, e nós serviremos o país", disse em discurso emocionado, com a voz embargada, após o anúncio de que havia vencido a disputa pela vaga no Parlamento pelo distrito de Sedgefield.
Blair tem a partir de hoje um programa ambicioso de governo a cumprir.
Ele pretende gerar 250 mil empregos para jovens criando um fundo especial com a taxação de estatais que foram privatizadas.
O virtual primeiro-ministro também pretende colocar em prática um amplo programa de reforma do ensino, fechando estabelecimentos ineficientes e reduzindo para 30 o número máximo de alunos por classe.
Os primeiros compromissos importantes acontecem no mês que vem. Blair deve ir à cúpula dos países da UE em Amsterdã, onde anunciará a adesão do Reino Unido às cláusulas sociais do Tratado de Maastricht, depois de passar pelos EUA para o encontro dos sete países mais ricos do mundo.
No início da madrugada de ontem, Blair e sua mulher já não conseguiam esconder a alegria com a certeza da vitória.
Desde o início da semana, o líder trabalhista vinha insistindo que a eleição só estaria decidida depois do fechamento das urnas.
Em 1992, o candidato trabalhista, Neil Kinnock, foi derrotado depois de estar na frente nas pesquisas, com uma vantagem menor.
John Major votou acompanhado da mulher, Norma, no distrito de Huntingdon, ao norte de Londres.

LEIA MAIS sobre a eleição britânica às págs. 13, 14 e 15

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