São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997 |
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Festival deste ano será festa de cinema e história
MARTA AVANCINI
Afinal, passados 50 anos desde a primeira edição -em 46, quando Billy Wilder, David Lean e Roberto Rossellini, entre outros, foram premiados-, Cannes se tornou um ponto de referência na história do cinema. "Não dá para falar em Cannes sem lembrar dos inúmeros talentos que surgiram no festival", disse à Folha o jornalista Jean-Pierre Buscat, que acompanhou o evento durante 25 anos. Além de Rossellini, o jornalista cita como exemplos de revelações François Truffaut, Francis Ford Coppola e Emir Kusturika. "A lista vai longe", disse. Balanço A reflexão sobre o cinema, a crítica e a importância do festival faz parte da programação oficial do evento, que ocorre entre 7 e 18 de maio. No dia 12, está marcado um encontro de cineastas para discutir esses temas. Além disso, será realizada em Cannes uma mostra especial de filmes que foram apresentados no festival e se tornaram sucessos de público. Ao todo, a mostra Cinema de Sempre reúne 33 filmes que deixaram sua marca na história do cinema: "Easy Rider", de Dennis Hopper, "Cães de Aluguel", de Quentin Tarantino, e "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, entre outros. Para os organizadores, trata-se de uma oportunidade de avaliar o papel do festival enquanto revelador de tendências e talentos. Tradição A exemplo dos anos anteriores, a edição de 97 de Cannes mantém sua vocação de abrir espaço para novos diretores. "Essa é uma das marcas de Cannes. Não podia ser diferente", disse Buscat. Este ano, jovens diretores, como os franceses Mathieu Kassovitz e Manuel Poirier, estão concorrendo à Palma de Ouro juntamente com atores consagrados que apresentam suas primeiras realizações como diretores -Johnny Depp e Gary Oldman. Depp traz a Cannes "The Brave", estrelado por Marlon Brando. Oldman concorre com "Nil by Mouth". Para Buscat, essa é uma poucas características originais positivas que o festival conseguiu manter ao longo dos 50 anos de história. Mídia "Cannes virou um espetáculo, uma festa para a TV", afirmou Buscat, que disse ter desistido ir ao festival. O grande número de filmes apresentados durante o evento, a presença massiva de jornalistas e da TV dificultam o trabalho crítico, na opinião de Buscat. "Cannes sempre foi uma vitrine para atores e cineastas. O risco é que isso se torne mais importante do que o próprio cinema", disse. Mas, se por um lado, a mídia corre o risco de desvirtuar o espírito original do festival, por outro, ela pode permitir uma revisão histórica do evento. Este ano, os textos de memória e as imagens antigas das estrelas associadas a Cannes têm tanto espaço quanto os filmes em competição nas inúmeras publicações lançadas em homenagem ao cinquentenário do festival. Texto Anterior: a retrospectiva Próximo Texto: Seleção muda a menos de sete dias Índice |
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