São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997 |
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Mundo gira em torno do novo palácio
AMIR LABAKI
É um imponente quartel-general. Lá estão centralizadas as projeções oficiais, as entrevistas coletivas, a administração, a sala de imprensa e o mercado. Fotógrafos e curiosos acotovelam-se em torno das escadarias frontais, forradas por tapete vermelho, passagem obrigatória das equipes dos filmes da competição e das sessões especiais fora de concurso. Na marquise sobre as escadarias, instala-se anualmente um painel com cenas e personagens ligadas às celebrações. O boulevard Georges Pompidou, endereço do palácio, localiza-se a poucos passos da avenida da praia -a Croisette. De dia, misturam-se por lá frequentadores do evento e turistas de ocasião. À noite, torna-se quase intransitável, sobretudo se estiver marcada uma aparição estelar. Madonna e Sharon Stone bateram os recordes recentes. Michael Jackson promete repetir o feito neste ano. As areias próximas ao palácio já foram o reino de jovens em topless, aspirando por seus quinze minutos de fama. A tradição arrefeceu dos anos 60 para cá, mas ainda é uma espécie de "escritório" aberto dos paparazzi. Foram tiradas lá fotos icônicas de Cannes, com Ugo Tognazzi fazendo macarrão e Robert Mitchum flertando com uma modelo. Afastando-se do palácio pela Croisette, sucedem-se os grandes hotéis. O mais próximo é o Majestic, onde instalam-se várias distribuidoras de filmes. Quatro quadras adiante, ergue-se o Hotel Carlton, uma tradição do festival. Hospedam-se nele vários dos principais convidados e os jurados. (Estrelas do porte de Bruce Willis e Madonna preferem um hotel mais distante, na cidade vizinha de Antibes). Sua entrada traz todo ano um megacartaz de um blockbuster a caminho. Em seu bar, contratos, champanhe e charutos misturam-se nas disputadas mesas. Entre o Majestic e o Carlton, situa-se o mais novo membro do clube: o Noga Hilton. É a sede da principal mostra paralela, a Quinzena dos Realizadores. Suas longas filas fazem parte do cotidiano. Caminhando duas ruas para longe da praia encontramos a rue d'Antibes. Berço do mercado, ainda hoje localizam-se lá várias salas especiais de projeção. Já foi mais disputada, mas ainda é raro não se passar por lá. Nem que seja para ir ao Café Petit Carlton, bistrô que funciona como ponto para compradores, jornalistas e jovens cineastas. É um bom lugar para encerrar o expediente. Ou para começar outro. (AL) Texto Anterior: Cannes criou alternativa ao estilo de Hollywood Próximo Texto: os injustiçados; as escolas Índice |
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