São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Produto orgânico vira moda e dá lucro

DANIELA AUGUSTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A preocupação com o meio ambiente não está restrita aos ecologistas. Empreendedores e artesãos descobriram esse filão e começam a transformar materiais e a fabricar produtos orgânicos.
Por serem politicamente corretos, esses produtos estão em alta no mercado e atraindo cada vez mais o consumidor.
Para se ter uma idéia do potencial, nos últimos quatro meses, o Sebrae-SP registrou aumento de 50% no número de consultas relacionadas a esse mercado.
"Cada vez mais pessoas estão procurando o Sebrae para saber como montar uma microempresa de reciclagem de materiais ou fabricação de artesanato", afirma Rubem Novaes, 51, consultor.
O produto da In Vitro Biotecnologia de Plantas está muito em moda. A empresa produz mudas de árvores frutíferas em laboratório, por meio de técnicas de clonagem.
Segundo Marcus Venicius Pires, 27, um dos sócios, a partir de uma única matriz é possível produzir centenas de mudas com as mesmas características da original.
A empresa tem 12 funcionários e um faturamento médio mensal de R$ 50 mil. O preço das mudas varia de acordo com a quantidade. A produção é sob encomenda.
A designer Patrícia Simão, 35, a Paty, montou seu ateliê de moda e está obtendo sucesso com a venda de biquínis de crochê, lycra e cuia de tacacá (cabaça da Amazônia que serve para tomar sopa).
No verão, ela, que começou vendendo seus produtos sob encomenda em São Paulo, chega a vender 300 peças, atingindo um faturamento de até R$ 12 mil.
Atualmente, já exporta as peças para a Europa. Os biquínis são pintados à mão com urucum e pigmentos vegetais. Cada biquíni de cuia com lycra sai por R$ 40.
Papéis
A Producto passou a fabricar, além de embalagens, móveis feitos com papelão reciclado. A empresa usa cola natural e materiais orgânicos para criar gaveteiros, sapateiros e caixas, que podem ser usados até dentro de armários.
"A idéia de fabricar esses móveis surgiu dos produtos que importávamos dos Estados Unidos. Hoje, eles já são fabricados no Brasil e com matéria-prima nacional", comemora Gina Alencar, 34, dona.
Os gaveteiros, sapateiros e baús em papelão são vendidos com preços entre R$ 10 e R$ 35.
Com a venda de aproximadamente 1.500 peças por mês, a Producto tem um faturamento de R$ 30 mil só com esses móveis.
Outra empresa que já conquistou seu espaço é a B&Y Papel Feito à Mão, que produz embalagens e papéis de presente reciclados de forma artesanal, misturando fibras naturais de plantas ao papel.
A empresa tem seis funcionários e produz uma média de 4.000 folhas de papel por mês e, segundo Claudia Bergel, 44, proprietária, os produtos preferidos pelos consumidores são os que apresentam cores naturais e texturas de fibras, folhagens e pétalas de flores.
Os papéis custam de R$ 1,50 a R$ 6. O sucesso de vendas é o "risque-rabisque" com fibras de cebola, vendido para lojas por R$ 8. A empresa só vende no atacado.

Onde encontrar - B&Y Papel Feito à Mão: (011) 492-3250; In Vitro: (061) 352-1891; Paty Simão: (011) 288-5735; Producto: (011) 291-2041.

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