São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997 |
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'Corrente' escolar tenta melhorar o ensino
DANIELA FALCÃO
As conclusões foram tiradas de 1.473 cartas que alunos de escolas públicas de 20 Estados brasileiros enviaram ao presidente Fernando Henrique Cardoso de julho a dezembro de 96 dizendo o que acham e como estão as escolas em que estudam. Outros problemas que apareceram com frequência foram o abandono das instalações e equipamentos, taxas altas de evasão e repetência, alunos desmotivados e falta de material didático (livros). Nas cartas, os alunos se dizem frustrados com o baixo nível do ensino, acham que as escolas públicas estão abandonadas e esquecidas e que há um abismo de qualidade entre a escola pública e a particular -dificultando o acesso deles às universidades e agravando as desigualdades sociais. A partir dessas constatações, o Ministério da Educação e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) vão elaborar um plano para traçar novas estratégias de intervenção no ensino público. O presidente não chegou a ler as cartas, mas receberá um relatório com as principais conclusões do MEC e do UNICEF. Prêmio A idéia de fazer uma corrente de cartas relatando os principais problemas das escolas públicas partiu de dois alunos de escolas públicas do Rio de Janeiro: Mariane Lopes de Souza e Fábio Garcia, ambos de 18 anos. Eles inscreveram a corrente no Prêmio Fundação Odebrecht/Unicef de 95, cujo tema era "O Adolescente por uma Escola Melhor", e terminaram conquistando o primeiro lugar. Foram inscritos 924 trabalhos de adolescentes de todo o país. Para participar, eles tinham de criar materiais educativos incentivando a comunidade a lutar por uma educação melhor. A primeira carta -da própria Mariane- chegou ao Palácio do Planalto em agosto passado. Foram escritas e enviadas cerca de 3.000 cartas, e metade delas passou por análise de conteúdo feita por uma ONG (organização não-governamental). A maior parte das cartas foi enviada de cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. A idade dos alunos varia entre 8 e 27 anos, e a média ficou entre 14 e 15 anos. A escolaridade varia entre a 3ª série do 1º grau e o 3º ano do 2º grau. A maioria das cartas foi escrita por alunos da 7ª série ao 2º ano do 2º grau. Próximo Texto: Escola real x Escola desejada Índice |
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