São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997 |
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Vik Muniz ilude com açúcar
CELSO FIORAVANTE
Paulistano radicado em Nova York, Muniz é um especialista em criar ilusões. Como um mágico de pequenos truques, seu mistério é fazer o espectador olhar bem para as suas imagens. Não para descobrir o que elas querem dizer, mas como elas dizem. "Estou mais interessado nas funções neurológicas do olhar que na interpretação da imagem", disse. Para ser bem-sucedido, utiliza então representações clássicas das artes plásticas, como retratos e nus (já fez imagens de naturezas-mortas e paisagens também). Para esta mostra, criou imagens em papel amassado ou dobrado. Nele, realizou desenhos sem qualquer pigmento, apenas com furos no papel. "Tentei fazer imagens com o nada". O artista criou ainda, com açúcar sobre papel preto, incríveis retratos de crianças, filhos de trabalhadores de usinas da ilha de St. Kitts, no Caribe. Parte da inspiração veio do poema "O Açúcar", de Ferreira Gullar ("...Em usinas escuras,/ homens de vida amarga/ e dura/ produziram este açúcar/ branco e puro/ com que adoço meu café/ esta manhã em Ipanema"). Muniz é movido por um desejo paradoxal. Ao mesmo tempo em que tenta desacreditar a imagem, quer criar uma sintaxe para ela, uma gramática, algo que desnude os procedimentos usados em sua confecção. "O meio é a mensagem", diz, citando MacLuhan. A Camargo Vilaça apresenta ainda obras da artista plástica Elisa Bracher, premiada no 3º Salão de Artes da Bahia, no ano passado. Bracher apresenta desenhos em acrílica sobre papel de arroz no mezzanino e esculturas em madeira na entrada da galeria. Mostra: Vik Muniz (fotografias) Onde: Galeria Camargo Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 011/210-7390) Vernissage: hoje, às 20h Quando: até 30 de maio LEIA MAIS sobre Vik Muniz na pág. 5-12 Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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