São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Nobel defende pesquisa básica durante reunião em Caxambu

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

O pesquisador americano Arthur Kornberg, Prêmio Nobel de Medicina em 1959, criticou o modo tecnocrático e escravo do mercado pelo qual EUA e outros países ocidentais financiam a ciência.
Kornberg fez uma defesa apaixonada da pesquisa básica e foi aplaudido no Hotel Glória, anteontem, durante a 26ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular.
Cada vez mais países como os EUA procuram direcionar a pesquisa científica para atividades práticas, de modo a ajudar mais diretamente a economia nessa era em que a competição pelo mercado em um mundo "globalizado" é o pensamento dominante.
Outra preocupação do cientista da Universidade Stanford é a maneira pela qual a sociedade está sendo desinformada por filmes anticientíficos como "Parque Jurássico" ou "Óleo de Lorenzo".
Kornberg, em uma palestra bem-humorada, mas incisiva, criticou a tendência crescente entre os próprios cientistas de procurar projetos de pesquisa "seguros", para obter financiamento governamental com mais facilidade.
Ele afirmou que ao contrário do que diz o ditado comum, "a necessidade não é a mãe da invenção". Muitas vezes, a descoberta científica básica para muitas invenções já existia quando alguém resolveu "criar uma necessidade". "Ninguém precisava do avião, da TV ou do rádio FM."

O jornalista Ricardo Bonalume Neto viajou a Caxambu a convite da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular.

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