São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Usinas priorizam a produção de álcool

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Estado de São Paulo começou esta semana a colher a maior safra de cana-de-açúcar de todos os tempos, com a promessa de aumentar principalmente a produção de álcool.
O preço do álcool anidro, que é misturado à gasolina, está liberado desde o último dia 1º.
Mas tanto o anidro quanto o hidratado, usado diretamente como combustível, terão aumento de produção nesta safra, na avaliação da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo).
O segmento prevê um aumento de 5% na quantidade de cana moída nesta safra. Na colheita passada, o Brasil moeu 285,5 milhões de t.
Foram produzidos 13,5 milhões de t de açúcar e 14,2 bilhões de litros de álcool.
Desse total, 4,5 bilhões de litros foram de anidro e 9,7 bilhões de litros de hidratado. Mesmo com essa produção, o país teve que importar 1,6 bilhão de litros de álcool.
Para este ano, a importação do combustível está descartada, na avaliação da Unica.
Preços
"Caso o preço do álcool anidro caia com a liberação, a tendência é aumentar a produção de álcool hidratado", afirma Heloisa Lee Burnquist.
Heloisa, professora do Departamento de Economia Aplicada da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP de Piracicaba (SP), afirma que o preço do açúcar nos mercados interno e externo não está favorável.
Na semana passada, o preço da saca de 50 kg de açúcar estava sendo negociado no mercado interno em torno de R$ 15. No externo, o preço médio da saca, de acordo com Heloisa, era de US$ 12,50.
O Brasil exportou no ano passado 5,2 milhões de t de açúcar. A Unica calcula que a produção de açúcar para os mercados interno e externo não sofrerá alteração nessa safra recorde.
O aumento de 5% na cana moída será destinado para a produção de álcool, avalia a Unica, entidade criada esta semana (leia texto ao lado).
Na opinião de Cícero Junqueira Franco, diretor da Usina Vale do Rosário, em Morro Agudo (SP), falta definir uma política para o álcool neste momento de crescimento de produção.
"O governo abandonou uma política que estava voltada para o consumo de álcool. O que se estimula é o uso do motor a gasolina."
Pedro Cabral, diretor do Departamento de Açúcar e Álcool do Ministério da Indústria e Comércio, diz que o órgão está discutindo com o setor privado o plano de safra, que é uma estimativa de produção de cana, açúcar e álcool.
Produtores paulistas são contrários às quotas de exportação de açúcar, isentas de impostos, estipuladas pelo governo.
Eles acreditam que as quotas podem provocar um desequilíbrio na comercialização do produto. Representantes das usinas paulistas querem a liberação total das exportações de açúcar sem impostos.
Na última quarta-feira, o governo definiu o plano de safra.
Representantes de São Paulo se recusaram a participar do encontro.

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