São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Empresário afirma que aceita negociar o valor da indenização

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O empresário João Pereira do Lago, autor do pedido de indenização que levou o BB a fechar as agências de São Luís, disse que está disposto a negociar com o banco por um valor inferior a R$ 255,5 milhões, mas não admite que o valor é exagerado.
A devolução de um cheque de Cr$ 800 mil, em agosto de 92, no mesmo dia em que o banco atrasou o crédito de um depósito em sua conta, que o levou a processar o banco.

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Agência Folha - Para um cheque que na época valia três salários mínimos, o senhor considera justa a indenização de R$ 255,5 milhões?
Lago - Para o que eu passei, nenhum valor é exagerado. Perdi muitos clientes e negócios. O valor da indenização não tem a ver com o valor do cheque devolvido. Meu nome foi para o cadastro de emitentes de cheques sem fundos do Banco Central. Nunca mais tive crédito na praça. Hoje, tenho que vender meus bens para pagar a escola dos meus filhos.
Agência Folha - Qual foi o erro do banco?
Lago - Um cliente meu no município de Viana (interior do Maranhão) fez um depósito e o banco deveria mandar o crédito a São Luís por telex, na minha conta. O dinheiro chegou só 11 dias depois, e eu já tinha o comprovante do depósito. No dia do depósito eu emiti o cheque. Ele foi devolvido mais de uma vez e uma semana depois, o banco encerrou a minha conta.
Agência Folha - O banco não corrigiu o erro?
Lago - Sim, mas já era tarde. Meu nome já estava no Banco Central. Não consegui ganhar mais concorrências para grandes obras
Agência Folha - A sua empresa era grande no mercado?
Lago - Dominávamos 50% do mercado. Hoje, temos 1%.
Agência Folha - O banco nunca quis negociar com o senhor?
Lago - Fui lá mais de uma vez para fazer acordo, mas sempre oferecem menos do que eles próprios admitem dever. Em 95, admitiram que me deviam R$ 797 mil. Há uns 30 ou 40 dias, me ofereceram R$ 300 mil.
Agência Folha - Quanto, no mínimo, o senhor aceitaria?
Lago - Eu prefiro esperar uma proposta do banco. Mas eu aceito negociar, é claro.
Agência Folha - O que o senhor achou da liminar que suspendeu a penhora do dinheiro?
Lago - Eu apóio, porque o fechamento das agências estava prejudicando a população.

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