São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997 |
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Eels
CAMILO ROCHA
É interessante como uma banda assim só poderia existir num mundo pós-Nirvana. Dez anos atrás não passaria de tocar para 50 introvertidos num salãozinho. Hoje, está nas dez mais da parada. Foi Kurt Cobain quem chancelou a inadequação social, a sensibilidade, o ser "diferente" -o estado de espírito que levou "Loser" ("perdedor"), de Beck, ao topo das paradas. O som do Eels é apropriadamente co-produzido por Michael Simpson, um dos Dust Brothers, que trabalharam no CD mais recente de Beck, "Odelay". Essa dupla já merece capítulo próprio na história do pop dos anos 90. Finalizaram "Paul's Boutique", dos Beastie Boys, combinação de técnicas rap com sujeira rock que praticamente inventou o trip hop. Seus característicos estalinhos de poeira na agulha e as levadas balançantes se encontram aqui, mas o som do Eels se diferencia bem por seguir uma vertente em que as informações principais vêm do rock ruidoso e do pop meloso. Em uma ou outra faixa, como "Susan's House", o vocalista E chega a lembrar Rod Stewart! Portador de um respeitável fundo-de-garrafa, E também pilota um Wurlitzer (um daqueles órgãos de churrascaria dos anos 70), assegurando aquele quê melado às músicas lentas do grupo. Mas, por mais que momentos de inspiração original brotem no disco (o hit "Novocaine for the Soul", "Mental"), a influência das guitarras altas, resultando no pós-grunge genérico, atrapalha. Os Eels são aqueles moleques feios e engraçados que já podem andar junto com a turma bacana, mas ainda têm muito que aprender para estar entre os líderes. Disco: Beautiful Freak Banda: Eels Lançamento: Universal Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: Mazzy Star Próximo Texto: Dinosaur Jr; Veruca Salt; Marilyn Manson; Smashing Pumpkins; Martin Okasili; Rap da Tribo Índice |
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