São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Brasília vê marcas do descobrimento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os portugueses destruíram muito, os brasileiros outro tanto, mas não o suficiente para apagar da paisagem as marcas da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
A prova está na exposição "Museu Aberto do Descobrimento", que começa hoje no salão negro do Congresso Nacional, em Brasília.
A exposição dá a partida para as comemorações dos 500 anos do descobrimento.
Dividida em dois módulos, um deles vai mostrar trechos da carta de Pero Vaz de Caminha ilustrados com painéis fotográficos produzidos hoje e que identificam claramente as descrições do mensageiro real.
No outro módulo, uma "rápida pincelada" no que foram as navegações, um registro da cultura indígena que primeiro se confrontou com os navegadores, a cultura lusa e a africana.
Reserva da memória
Ao todo, são 72 painéis que mergulham o visitante na cultura e no espaço geográfico que vai da foz do rio Caí à foz do rio João Tiba.
São 130 km de praia e outros 20 de profundidade território adentro, em média, que hoje formam o Parque Nacional Monte Paschoal, espaço a preservar como reserva da memória do descobrimento.
Produzida pela Fundação Quadrilátero do Descobrimento, sediada em Trancoso (BA), a exposição vai percorrer todas as capitais brasileiras até o ano 2000. De Brasília, segue para o Rio, São Paulo e Salvador -o calendário ainda vai ser definido.
"Queremos massificar a imagem daquela região, torná-la acessível ao maior número de pessoas para que elas se sintam protetoras da história. Ao mostrarmos a síntese das culturas daquela época, estamos expondo o Brasil mestiço de base indígena", diz Roberto Pinho, presidente da fundação.
O Museu Aberto do Descobrimento foi criado por decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso, em abril do ano passado, durante visita à Bahia.
Além das ações de preservação ambiental, do patrimônio histórico e das intervenções culturais, o projeto todo prevê também a construção de um espaço físico sobre o mar, na região de Trancoso.
Invenção do Brasil
Um vídeo, narrado pela atriz Fernanda Montenegro, e o livro "Invenção do Brasil", editorial coordenado por Pinho e pelo escritor Antonio Risério, compõem a exposição.
Textos de Haroldo de Campos, Luiz Felipe de Alencastro, Caetano Veloso, Leyla Perrone-Moisés, Agostinho da Silva e Darcy Ribeiro, entre outros, discutem no livro a natureza do descobrimento e como ele moldou o processo civilizatório e a formação da sociedade brasileira.

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