São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Eletrobrás investe R$ 80 mi contra perdas

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto não chegam os investimentos da iniciativa privada e as verbas estatais para a infra-estrutura do setor elétrico brasileiro são escassas, a Eletrobrás decidiu fortalecer seu programa de combate às perdas de energia elétrica.
A empresa opta, assim, pelo caminho mais barato. Empresários do setor industrial estimam que o país precisaria de R$ 20 a 30 bilhões em recursos para geração e transmissão de energia para que se volte a operar com segurança.
"Ficamos dez anos parados, sem investimentos. Hoje, há a necessidade de cerca de R$ 7 bilhões por ano em investimentos para acompanhar o crescimento da economia", disse o empresário Antônio Ermírio de Moraes.
Já com o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), a Eletrobrás gastou R$ 80 milhões este ano.
Há uma tendência crescente de investimentos no plano. Em 94, a empresa estatal reservou R$ 1 milhão para o Procel. No ano seguinte, o orçamento do Procel subiu para R$ 50 milhões.
"A nossa intenção é chegar a um patamar de R$ 200 milhões por ano até o ano 2000", disse o secretário-executivo adjunto do programa, Paulo Cezar Tavares.
Perda é a diferença entre a energia elétrica gerada em um ano e a que é oficialmente consumida. Só no ano passado, o Brasil perdeu 50,5 trilhões de Watts-hora, num prejuízo de R$ 1,515 bilhão.
Perder até 10% da energia é considerado normal num país com linhas de transmissão longas, como o Brasil. A energia elétrica se dissipa, nos cabos, na forma de calor. Ainda segundo Tavares, as perdas de 1996 poderiam ter sido 2 trilhões de Watts-hora maiores sem a ação do Procel. O programa forneceu medidores a cerca de um milhão de consumidores.
Em São Paulo, essa iniciativa coube à Secretaria de Estado da Energia. "Em 95, havia 75 mil consumidores sem medidor. Hoje, esse número é zero", disse o secretário David Zylbersztajn.
Segundo ele, apenas quem habita áreas de mananciais ou favelas em terrenos irregulares não tem medidor no Estado.
No caso, os moradores furtam energia, por meio de ligações clandestinas. Esse tipo de perda significou 16,5% do que o país perdeu em energia elétrica em 1996.
Além de tentar evitar prejuízos no setor elétrico, o programa da Eletrobrás também visa combater o desperdício, isto é, o gasto desnecessário de energia elétrica.
Relatório do Procel indica que 20 trilhões de Watts-hora por ano são gastos inutilmente devido à ineficiência de equipamentos e aos maus hábitos dos consumidores. Em 96, teria sido possível economizar R$ 1,4 bilhão.
"A conservação de energia tem de ser uma política nacional, que envolva todos os atores sociais, com o governo no centro", afirmou Paulo Ludmer, diretor-executivo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace).

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