São Paulo, sexta-feira, 9 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Agadir mata saudadesdo cuscuz marroquino

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Antigos estudantes ou exilados de Paris, chegou a hora da saudade. O socorro dado ao estômago nos restaurantes marroquinos em torno da rua Mouftard em troca de míseros francos (única alternativa à mesmice dos restaurantes universitários) tem um embaixador em São Paulo. O cuscuz marroquino servido em cenário das Arábias é a atração do restaurante Agadir, aberto há dois meses em Pinheiros.
Mais que uma especialidade, ali o cuscuz marroquino é a única oferta da casa. A chegada ao restaurante é sugestiva: um longo corredor terracota que evoca uma ruela qualquer de Marrakech. Lá dentro um pano estrelado no teto lembra tendas do deserto, enquanto música autêntica (embora não folclórica) ressoa no ar.
As incômodas cadeiras de lata são do estilo das fornecidas pelas cervejarias brasileiras, mas o dono do lugar é um marroquino de cepa: Mohammed el Mahdi Annassik, 49 anos, há 18 no Brasil, nasceu num oásis perto de Agadir, e desfila pelo restaurante com um irmão que o ajuda, devidamente protegido por um turbante. Estudou linguística na Sorbonne, restaurou móveis no Brasil e só recentemente abraçou como profissão a paixão pela culinária que herdou da mãe.
O cardápio se limita a duas entradas, três variedades de cuscuz e alguns doces. Os petiscos, que podem ser beliscados ao lado de um copo de arak (bebida típica, de anis), são uma leve coalhada fresca com pepinos, ervas e discreto alho; e uma mistura de pimentão e tomate cozidos com temperos. Ambas acompanhadas de um macio e quente pão sírio.
O cuscuz é feito com sêmola cozida sobre o vapor de água e ervas, e acompanhado por legumes cozidos (moles demais, quase sem gosto, aliás como no Marrocos). São três possibilidades de carne: frango ao curry com mango chutney (servido submerso em gordura, que infesta o paladar); carneiro com um tempero de alho, pimenta vermelha e especiarias (a carne um pouco ressecada, pedindo um cozimento mais lento, mas com molho bem aromático); e de vitela, o melhor, de carne suculenta e molho delicado.
As sobremesas são por enquanto doces sírios, mas a casa promete especialidades marroquinas, aumentando o sabor deste exótico passeio.
(JM)

Texto Anterior: Restaurantes e pratos para o Dia das Mães
Próximo Texto: Carla Camurati, Jô Soares e um tal códice Romanoff
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.